O secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, chamou a atenção para uma situação preocupante que vem acontecendo após o surto de infecção respiratória no Hospital Santa Rita, em Vitória: cerca de 50% dos pacientes de alguns setores estão deixando de ir ao hospital por medo da contaminação.
A declaração foi feita nesta terça-feira (4), durante uma entrevista. Na coletiva, realizada na última segunda-feira (3), o secretário já havia reforçado que o hospital é seguro para a população e que não há necessidade de adiar tratamentos ou da aplicação de medidas de segurança além das convencionais.
Nós temos segurança, enquanto Secretaria de Saúde, que as demais áreas do hospital estão absolutamente sob nenhum risco à vida das pessoas. Sem nenhum risco de contaminação.”
Tyago Hoffmann, secretário de Estado da Saúde
O Hospital Santa Rita é referência em tratamentos oncológicos e a interrupção da rotina dos pacientes, sem indicação prévia, pode ser prejudicial à saúde e à recuperação.
“Precisamos fazer o paciente entender que o hospital é seguro, principalmente para aqueles pacientes que têm um tratamento oncológico e que não podem perder o seu tratamento, a quimioterapia, a radioterapia, a cirurgia ou a realização de uma biópsia, por exemplo”, destacou a coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Rita, Carolina Salume.
De acordo com o último boletim epidemiológico, divulgado pela Sesa na segunda (3), 96 casos são considerados suspeitos por apresentarem, de acordo com o hospital, “alterações radiológicas sugestivas de pneumonia”. Entre eles, seis pessoas permanecem internadas, sendo dois na UTI.
Novos testes reforçam possibilidade de histoplasmose
Ainda na coletiva, as autoridades informaram que a principal hipótese era de que o surto tenha sido causado pelo fungo histoplasma, comum em fezes de morcegos e aves, como pombos. A presença do agente foi confirmada em amostras analisadas pela Fundação Oswaldo Cruz.
Já na manhã desta terça-feira, Hoffmann disse que oito novos casos de histoplasmose foram confirmados pela Fiocruz nas análises de sangue dos pacientes acompanhados. Com isso, o total de pacientes com diagnóstico de infecção fúngica chegou a nove.
“Esses oito laudos que recebemos da Fiocruz ontem à noite confirmam a presença da doença histoplasmose nas amostras sanguíneas das pessoas que foram testadas. Ou seja, a nossa investigação caminha para uma conclusão de que o surto do Hospital Santa Rita está sendo causado por um fungo chamado Histoplasma“, afirmou o secretário.
A contaminação ocorre por meio da inalação de esporos suspensos no ar, especialmente em locais fechados.
Veja o vídeo completo:
Hospital passa por vistoria e acompanhamento
A ala de internação, epicentro da contaminação, e um centro cirúrgico ao lado permaneceram fechados após a identificação do surto. A Vigilância Sanitária realiza vistorias para garantir que o espaço possa ser reaberto com segurança.
“Ontem (segunda-feira) estive no hospital e usei máscara nas áreas isoladas, que estão passando por uma completa desinfecção. Assim que tudo for validado pela vigilância, essas áreas serão reabertas“, complementou Hoffmann.
O surto começou no fim de setembro, inicialmente entre funcionários, e levou à abertura de uma investigação conjunta entre a Sesa, o Hospital Santa Rita, o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen/ES) e a Fiocruz.
