Nos últimos dias, o tema da contaminação cruzada em talhos voltou a ganhar destaque nas redes sociais, depois de uma publicação do chef argentino Paco Almeida, conhecido pelas suas lições sobre carne e pelo seu tom direto. A imagem que partilhou tornou-se viral e deixou claro um erro básico que nunca deve ser cometido ao manipular alimentos.

Paco Almeida, especialista em carnes e com milhões de seguidores no TikTok, Instagram e X (antigo Twitter), publicou uma fotografia tirada num talho da Argentina que mostra um erro grave de higiene alimentar, relativamente à carne. Na imagem, partilhada pelo jornal digital espanhol HuffPost, vê-se carne crua empilhada de um lado do balcão e, separada apenas por um fino plástico, uma grande variedade de queijos sem qualquer outra proteção.

O cozinheiro reagiu de forma irónica à situação, escrevendo: “Olá, sim, dá-me 200 gramas de triquinose e 200 de salmonela, obrigado. Um amigo acabou de me enviar esta foto em privado, não se pode ser tão idiota.”

A publicação ultrapassou, em poucas horas, 1,7 milhões de visualizações, gerando um intenso debate sobre segurança alimentar.

Contaminação cruzada: o erro ‘invisível’ mas perigoso

Um dos comentários deixados na publicação dizia que “o fogo mata tudo” e que a triquinose não se apanha através de carne já morta. Almeida respondeu de imediato, perguntando: “E os queijos, o que acontece com eles?”. A resposta foi suficiente para lembrar muitos utilizadores de que o perigo não está apenas na carne, mas também nos alimentos que podem ser contaminados por contacto indireto.

Os especialistas em segurança alimentar, citados pela mesma fonte, explicam que a chamada contaminação cruzada ocorre quando bactérias ou parasitas passam de um alimento cru para outro que não será cozinhado. Isto pode acontecer por contacto direto, por utensílios mal lavados ou, como neste caso, por armazenamento incorreto.

Reprodução X @ChefPacoAlmeida | DR

O que dizem os especialistas

De acordo com o portal especializado em carnes Máxima, as carnes cruas devem ser guardadas em “recipientes e prateleiras claramente marcados para evitar a contaminação cruzada entre diferentes tipos de carne”. Além disso, recomenda-se que as carnes de vaca, porco e aves sejam colocadas em prateleiras distintas, mesmo dentro do mesmo frigorífico, de forma a reduzir o risco de contaminação.

A triquinose, uma das doenças mencionadas pelo chef, é uma infeção parasitária causada pelo verme Trichinella, que pode ser contraída ao consumir carne crua ou mal cozinhada de porco ou javali infetado, de acordo com a fonte anteriormente citada.

Um risco que não se deve ignorar

Embora a maioria das infeções alimentares provoque apenas sintomas gastrointestinais ligeiros, algumas podem ser graves e até fatais, especialmente em crianças, idosos e pessoas com o sistema imunitário fragilizado. Febres, vómitos, diarreia e desidratação são alguns dos sintomas mais comuns.

O caso partilhado por Paco Almeida serve, assim, como um lembrete do quão importante é respeitar as regras básicas de higiene alimentar, sobretudo em estabelecimentos que lidam com produtos frescos. Mesmo um simples erro na separação de alimentos pode ter consequências sérias, refere o HuffPost.

Mais que uma publicação, um aviso sério

A publicação do chef não foi apenas uma crítica pontual: foi um aviso claro sobre práticas com a carne que continuam a ser ignoradas, tanto neste talho como noutros. E, como mostra o alcance viral da imagem, há lições que, por vezes, só ganham força quando se tornam públicas.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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