O hábito de lavar carnes antes do preparo ainda é comum em muitas cozinhas brasileiras, geralmente por tradição ou pela tentativa de eliminar odores e impurezas. No entanto, especialistas e órgãos de saúde alertam: essa prática deve ser evitada, pois pode aumentar o risco de contaminação e causar doenças.

De acordo com o Ministério da Saúde, as carnes são alimentos altamente nutritivos e, por isso, suscetíveis à presença de microrganismos como vírus, bactérias, fungos e protozoários. Apesar disso, são seguras para o consumo desde que sejam produzidas, armazenadas e preparadas corretamente, conforme as normas de higiene e conservação.

Por que não se deve lavar carnes

Ao lavar carnes, a água ajuda a espalhar os microrganismos presentes na superfície do alimento para utensílios, bancadas e outros alimentos, provocando a chamada contaminação cruzada. Isso aumenta o risco de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs), que podem causar sintomas como náusea, diarreia, vômitos, dor abdominal, febre e falta de apetite.

Um dos exemplos mais conhecidos é a Salmonella, bactéria frequentemente encontrada em carnes de frango. A infecção pode causar febre, desidratação e outros sintomas graves, especialmente em crianças, idosos, gestantes e pessoas com imunidade baixa.

Maneiras seguras de lidar com carnes cruas

Segundo o Ministério da Saúde e a Anvisa, o ato de lavar carnes não elimina microrganismos — o mesmo vale para o uso de limão, vinagre ou outros ingredientes. Esses produtos podem ser usados apenas como tempero, e não para higienização.

A recomendação é que a carne seja cozida, frita ou assada completamente, garantindo que o calor elimine qualquer agente nocivo.

Outro erro comum é descongelar carnes fora da geladeira, o que facilita a multiplicação de bactérias. O ideal é transferir o alimento do congelador para a geladeira com antecedência ou utilizar o micro-ondas, quando indicado na embalagem.

Atenção aos rótulos

A Resolução RDC nº 727/2022 da Anvisa determina que produtos de carne crua suína e de aves tragam instruções de preparo e conservação. Entre as orientações obrigatórias estão:

  • Manter o produto refrigerado até o momento do preparo;
  • Manter carnes cruas separadas de outros alimentos;
  • Não lavar o produto cru antes do manuseio;
  • Lavar as mãos, utensílios e superfícies com água e sabão após o contato com carne crua;
  • Consumir somente após o cozimento completo.

Como identificar carne imprópria para consumo

A carne que apresenta odor forte e desagradável, textura viscosa ou coloração esverdeada ou amarelada deve ser descartada, pois são sinais de deterioração. Também é importante redobrar o cuidado com carnes vendidas fora de embalagens ou refrigeradores.

Segurança e prática culinária

O Guia Alimentar para a População Brasileira ressalta a importância do desenvolvimento de habilidades culinárias seguras, que incluem o correto manuseio dos alimentos. A utilização de ingredientes como limão, vinagre e ervas pode realçar o sabor da carne, mas não substitui os cuidados necessários com higiene e cozimento.

Em resumo: lavar carnes antes do preparo não limpa, não elimina microrganismos e ainda aumenta o risco de contaminação. O cozimento completo é a maneira mais eficaz de garantir um alimento seguro e saudável.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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