Mais de um ano após as devastadoras enchentes no Rio Grande do Sul, o estado ainda está empenhado na reconstrução de suas escolas, visando torná-las mais resilientes a futuras crises climáticas. A secretária de Educação, Raquel Teixeira, informou que oito escolas e a própria Secretaria ainda não retornaram aos seus antigos prédios, que foram severamente danificados pelas cheias.
Raquel enfatizou que a tarefa vai além da simples reconstrução física; é essencial implementar um plano de contingência que prepare não apenas as estruturas, mas toda a comunidade escolar para enfrentar tempestades, alagamentos e outros fenômenos naturais. Nos últimos anos, a região tem sido cada vez mais afetada por ciclones, chuvas intensas e calor extremo.
Com o apoio do Banco Mundial, foram identificadas 730 escolas em risco de destruição, das quais 87 foram consideradas as mais vulneráveis e já iniciaram a implementação de um plano piloto de contingência.
“Não sabemos exatamente quando um desastre ocorrerá, mas é crucial que as escolas e as pessoas estejam preparadas, tanto emocionalmente quanto em termos de conhecimento prático, para que o aprendizado não seja interrompido. O Japão convive com tsunamis, a Califórnia com terremotos, e o Rio Grande do Sul está aprendendo a lidar com suas próprias características climáticas”, afirmou a secretária.
Raquel participou do II Fórum Internacional de Sustentabilidade e Educação, onde discutiu a importância de envolver a comunidade escolar na criação de uma educação que responda à crise climática.
“Tivemos escolas fechadas por períodos que variaram de sete a 52 dias. Isso exige uma abordagem pedagógica diferenciada para cada grupo de escolas. Chegamos à conclusão de que precisamos nos preparar para evitar sermos pegos de surpresa novamente”, declarou.
Com parcerias e consultorias, foram elaborados planos de contingência que orientam as ações a serem tomadas antes, durante e após uma emergência.
“A escola é o local onde as crianças aprendem e desenvolvem novos hábitos, influenciando suas famílias e a comunidade. O plano de contingência deve ser discutido em conjunto com toda a comunidade escolar, pois depende da localização da escola e dos tipos de eventos que podem ocorrer”, explicou.
Um exemplo de inovação é o Ginásio Resiliente, que serve tanto para atividades esportivas quanto como um espaço de acolhimento em emergências, projetado para ser seguro e durável, permitindo a continuidade do ensino.
No primeiro semestre de 2024, o estado enfrentou o maior desastre natural de sua história, com inundações que afetaram 478 das 497 cidades, impactando cerca de 2,4 milhões de pessoas, resultando em 184 mortes e 806 feridos, além de 25 desaparecidos.
A experiência do Rio Grande do Sul foi compartilhada em Valência, na Espanha, que também sofreu com tempestades. O arquiteto José Picó, que participou da reconstrução de uma escola na região, destacou a importância de ouvir a comunidade escolar durante o processo de reestruturação.
“A água subiu dois metros dentro da escola, destruindo tudo. Com a resiliência da comunidade, redesenhamos a escola juntos”, contou Picó.
Ele defende que as escolas devem se adaptar às necessidades contemporâneas, sendo resilientes a desastres climáticos e integradas à natureza, promovendo ambientes de acolhimento que favoreçam a aprendizagem e inclusão.
Ao final do evento, foi anunciado o projeto vencedor do Prêmio Escolas Sustentáveis, que nesta edição foi para a Institución Educativa Comercial de Envigado, na Colômbia, com um projeto que promove a gestão de iniciativas ambientais e sociais pela comunidade escolar. A premiação é uma iniciativa da Santillana e da OEI, reconhecendo projetos que beneficiam comunidades locais.