Pedro Bogas, presidente do Conselho de Administração da Carris, apresentou a renúncia ao cargo esta quarta-feira, 22 de outubro, na sequência de uma reunião com Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa. “Neste encontro foi apresentada a renúncia ao cargo de presidente da Carris, extensível a todos os restantes elementos do Conselho de Administração da empresa”, refere um comunicado citado pelo jornal “Observador”.
A decisão surge dias depois da divulgação de um relatório, publicado na segunda-feira, 20 de outubro, que concluiu que o cabo do Elevador da Glória não estava certificado para transporte de passageiros. Foi precisamente este componente que se partiu e que provocou o descarrilamento do veículo e a morte de 15 pessoas, a 3 de setembro.
“O presidente Carlos Moedas destaca a forma profissional e corajosa com que no momento mais duro do mandato, na sequência do trágico acidente do Elevador da Glória, o atual Conselho de Administração defendeu os interesses da empresa e, apesar de terem colocado o lugar à disposição desde a primeira hora, aceitaram manter-se em funções”, acrescenta a nota divulgada esta quarta-feira.
O mesmo relatório revelou que várias tarefas de manutenção, registadas como “cumpridas”, não chegaram a ser realizadas. Ainda assim, o plano estava documentado de acordo com as normas internas e foi considerado válido pela Carris.
O acidente do Elevador da Glória, que ocorreu a 3 de setembro, envolveu 38 passageiros. Além dos 15 mortos, provocou vários feridos de pelo menos 11 nacionalidades. Entre as vítimas estavam quatro portugueses, dois alemães, dois espanhóis, um coreano, um cabo-verdiano, um canadiano, um italiano, uma francesa, um suíço, um marroquino e um brasileiro.
A primeira vítima mortal identificada foi André Marques, guarda-freio de 40 anos. Foi homenageado a 18 de setembro, com a entrada em circulação de um novo elétrico da Carris, que lhe é dedicado.