Raíssa Basílio/Folhapress

A Polícia Civil de São Paulo afirmou nesta sexta-feira (17/10) que a fábrica clandestina de bebidas alcoólicas fechada na semana passada em São Bernardo do Campo (SP) e responsável por ao menos duas mortes por intoxicação por metanol adquiriu etanol contaminado de postos de combustível na própria cidade de São Bernardo e em Santo André, no ABC.

Até o momento, segundo dados do Ministério da Saúde, foram confirmadas no país oito mortes decorrentes de intoxicação por metanol – seis no estado de São Paulo e duas em Pernambuco. O total de casos de contaminação confirmados chega a 41.

O delegado-geral, Artur Dian, disse que a principal hipótese é que a fábrica tenha distribuído bebida para a maioria dos lugares envolvidos nos casos de intoxicação por metanol.

“É uma hipótese que nós já constatamos com três lugares [para] que ela distribuiu. Duas [mortes] a gente já comprovou que saíram dali. Quatro mortes ainda estão sob investigação para determinar se também têm origem na mesma fábrica”, disse.

Segundo ele, “por enquanto não há suspeita de outra fábrica clandestina” envolvida nos casos. “Essas outras quatro mortes, de onde saiu essa bebida [que provocou os óbitos] a gente vai constatar ainda.”

Contaminação identificada

Na fábrica em São Bernardo foram encontradas bombonas de etanol comprovadamente contaminadas com metanol.

“O combustível [apreendido] foi comprado nesses postos de gasolina [do ABC] e foi constatado que essas bombonas continham o etanol com o metanol”, afirmou Dian. Segundo ele, as provas são os pagamentos efetuados pela mulher apontada como proprietária da fábrica e seu núcleo familiar.

O delegado-geral destacou que a venda de etanol em bombonas é ilegal e que os postos de combustível são alvo, nesta sexta-feira, de uma ação de fiscalização em conjunto com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a Vigilância Sanitária.

Questionado sobre eventual participação de facções criminosas na adulteração de bebidas, o delegado-geral voltou a dizer que não há “apontamento de crime organizado na fabricação de bebidas”.

PCC tem envolvimento?

Sobre a compra de combustível adulterado e a ligação do Primeiro Comando da Capital (PCC) com essa atividade, Dian afirmou que a atuação da facção acontece “da bomba pra trás”.

“Aí a gente fala que é da bomba pra trás, né? Mas da bomba pra frente a gente não tem essa constatação.”

A polícia afirma que a proprietária da fábrica clandestina e seus familiares – marido, pai e cunhado – são especializados em falsificação.

Segundo a corporação, a operação desta sexta cumpre mandados de busca e apreensão contra o “garrafeiro” (fornecedor de garrafas), que tem transações financeiras que o ligam aos postos de combustível suspeitos e à fábrica clandestina.

A investigação, afirma Dian, agora busca apurar se os donos de bares e distribuidoras sabiam que compravam bebidas adulteradas.

As autoridades também destacaram a necessidade de um maior controle na reutilização de garrafas para combater a falsificação, uma questão que está sendo discutida com as empresas do setor e a Assembleia Legislativa.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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