Pedro Costa foi o primeiro socialista a criticar abertamente Alexandra Leitão após a derrota eleitoral no domingo, questionando a campanha feita pela candidata a Lisboa. Em entrevista ao Observador, o membro do Secretariado Nacional do PS e antigo presidente da junta de Campo de Ourique considerou mesmo que o resultado foi um “desastre” e que João Ferreira esteve “incomparavelmente melhor” do que a socialista nos debates eleitorais.
Pedro Costa, que foi indicado pela concelhia socialista para integrar a lista de candidatos à Câmara mas preterido por Leitão, disse que esta foi “incapaz de cumprir os objetivos que o Partido Socialista tinha para estas eleições”. O filho do antigo primeiro-ministro António Costa afirmou que a responsabilidade pela derrota “não será só de Leitão“, porém, disse concordar com a assunção de culpas que a candidata fez do desaire.
“O Partido Socialista precisava não só de uma alternativa que lhe permitisse ganhar a Câmara e afastar o pior presidente que a cidade já teve, como a cidade estava disponível para fazer. Era essa a dúvida que o Partido Socialista tinha para com a cidade, mas principalmente puxar para cima o resultado das Juntas de Freguesia. Teve o oposto. Teve uma candidatura que não agregou ninguém e puxou para baixo“, acrescentou Pedro Costa.
O antigo autarca disse que Alexandra Leitão “dependia apenas de si” para vencer as eleições e acredita que esta falhou o objetivo, porque os eleitores “não ficaram com a perceção” de que seria melhor presidente da câmara municipal do que Moedas. “Não ficaram com certeza com a ideia de que essa coligação de esquerda era uma alternativa para a cidade. Durante toda a campanha, a coligação não foi capaz de apresentar nenhuma ideia que marcasse o debate. Passámos vagamente pela ideia dos passes gratuitos. Aliás, que o PCP explicava e bem, porque que não era sequer uma boa proposta para a cidade.” Ainda assim, Pedro Costa disse que a candidata socialista conseguiu “demonstrar que a coligação que liderava não era uma radical”.
Ainda sobre João Ferreira, o membro do secretariado do PS disse que este foi “incomparavelmente melhor” do que Alexandra Leitão nos debates eleitorais. Ao contrário do que viu em Leitão, Pedro Costa considerou “óbvio” que o candidato da CDU “demonstrou ter um projeto e soluções” para a cidade e que “isso está à vista nos resultados que teve”.
A nível nacional, Pedro Costa disse que o PS teve “um bom resultado” e que os “desejos de morte” ao partido se revelaram “infundados”. Contudo, frisou que há sinais do resultado nacional para os quais é preciso “olhar com mais atenção”. O socialista referia-se especificamente a concelhos que estão mais pressionados pela crise na habitação, criticando o seu partido por ter uma estratégia que “ainda está muito presa na ideia da construção”. “As pessoas com uma renda para pagar não estão muito disponíveis para ouvir as nossas teorias fascinantes para o mercado de construção civil”, afirmou.
O antigo presidente de junta defendeu também que tem de haver “uma coordenação melhor entre o PS nacional e os seus autarcas”, ressalvando porém que esta relação atualmente “não é má”. Pegando no caso do presidente da Câmara de Loures Ricardo Leão, afirmou também que o PS “não pode ficar a espera que os seus autarcas tenham algum deslize para correr a julgá-los” e que é preciso existir uma orientação política dos eleitos nos 308 municípios do país.
Nesse sentido, Pedro Costa vê o pacto autárquico que José Luís Carneiro fez os candidatos assinarem como “um passo”, mas considera que este deve ser levado mais longe, nomeadamente “integrando a visão dos autarcas” nesse compromisso alargado. Defende que essa orientação autárquica será necessária a nível nacional, mas especialmente na capital: “Espero que haja uma coordenação política no concelho de Lisboa. Se não houver, o risco que corremos é de repetir este desastre daqui por quatro anos.”
Pedro Costa fora das escolhas de Alexandra Leitão para Lisboa
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