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“Desde o anúncio, nesta noite, de um acordo no âmbito de uma proposta de cessar-fogo, foram registradas várias explosões, especialmente no norte de Gaza”, declarou Mohamed Al Mughayyir, membro da Defesa Civil, ao mencionar “intensos bombardeios aéreos sobre a Cidade de Gaza”.

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O Catar, que mediou as negociações ao lado do Egito, Estados Unidos e Turquia, informou que “a primeira fase do acordo para um cessar-fogo em Gaza foi alcançada, o que levará ao fim da guerra, à libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos e à entrada de ajuda humanitária”.
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quarta-feira à noite em sua rede social Truth Social que “TODOS os reféns serão libertados em breve e Israel retirará suas tropas para uma linha acordada, como os primeiros passos em direção a uma paz forte, duradoura e eterna”.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou nesta quinta-feira que o acordo para garantir a libertação dos reféns em Gaza só entrará em vigor após a aprovação de seu gabinete, que se reúne ao meio-dia, horário de Brasília.
O acordo será assinado formalmente nesta quinta-feira no Egito, disse à AFP uma fonte próxima ao assunto, falando sob condição de anonimato.
“Ao contrário do que a mídia árabe relata, a contagem regressiva de 72 horas só começará após a aprovação do acordo na reunião de gabinete, marcada para a tarde”, afirmou o gabinete de Netanyahu em um comunicado.
O governo de Netanyahu é uma coalizão frágil liderada por seu partido Likud, que depende de outros partidos de extrema direita. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, um aliado-chave do partido Sionismo Religioso, já indicou que não apoiará o acordo.
Uma fonte do Hamas disse que as negociações para a segunda fase do cessar-fogo devem começar “imediatamente”.

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O que o acordo prevê?
Uma fonte do Hamas especificou que o acordo prevê a libertação de 20 reféns israelenses que ainda estão vivos em troca da libertação de 2 mil palestinos detidos em prisões israelenses: 250 condenados à prisão perpétua e outros 1.700 detidos por Israel desde 7 de outubro de 2023.
A troca deve ocorrer nas primeiras 72 horas após a implementação do cessar-fogo, aprovado por outras facções palestinas, disse à AFP outra fonte do Hamas próxima às negociações. Trump apontou a segunda-feira como a data para a libertação dos reféns.
O acordo também prevê a “retirada programada das tropas israelenses”, juntamente com a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, que, segundo a ONU, sofre com a fome, disse uma autoridade do Hamas.
Estima-se que pelo menos 400 caminhões de ajuda humanitária entrarão na Faixa de Gaza diariamente durante os primeiros cinco dias após o cessar-fogo, e que esse número aumentará com o passar dos dias, segundo uma fonte do movimento islâmico. Além disso, o acordo prevê o “retorno de pessoas deslocadas” do sul da Faixa de Gaza para a Cidade de Gaza e outras cidades no norte do território palestino, acrescentou a autoridade. O Hamas pediu a Trump que pressione Israel a implementar integralmente o acordo no que se refere a ele.
Lista de prisioneiros palestinos
Uma questão fundamental nas negociações é a lista de prisioneiros palestinos que o Hamas deseja incluir na troca. Marwan Barghouti, um membro proeminente do Fatah, facção palestina rival do Hamas, está na lista, informou a mídia egípcia ligada ao governo.
Barghouti está preso em Israel há mais de 20 anos e cumpre pena de prisão perpétua por seu papel em ataques anti-israelenses. Mas ele desfruta de grande popularidade em pesquisas com personalidades palestinas.
O recente plano de 20 pontos estabelecido por Trump, que serviu de base para as negociações, estipula o desarmamento do Hamas e que Gaza seja governada após a guerra por uma autoridade transitória chefiada por ele. Essas questões ainda não foram abordadas nas negociações.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, expressou esperança na quinta-feira de que o acordo possa levar ao estabelecimento de um Estado palestino independente. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e membros de sua coalizão governista se opõem à solução de dois Estados.