Diretores de 87 escolas participam de formação no campus da Unisinos em Porto Alegre.

Um ano e meio após a enchente que trouxe prejuízos inestimáveis às escolas gaúchas, a Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul (Seduc) lançou, nesta segunda-feira (6), um guia que orienta as instituições para a construção de planos de contingência para lidar com eventos climáticos extremos. A publicação explica o que deve ser feito antes, durante e depois de uma emergência ou desastre, com dicas, exemplos e orientações. 

Elaborado pela Seduc/RS com apoio do Instituto Alana e assessoria técnica do Vozes da Educação, o documento foi lançado durante treinamento das escolas da rede, no campus da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) em Porto Alegre. Durante dois dias, gestores de 87 instituições participam de formação para que possam proteger a comunidade escolar e garantir a continuidade do ensino em casos de eventos climáticos extremos. 

Foram selecionadas para o treinamento as escolas em situação de maior vulnerabilidade, seja por estarem em áreas de risco ou pela infraestrutura precária. Além disso, gestores de escolas que se tornaram referência quando se trata de reconstrução e resiliência apresentaram suas práticas de proteção e mitigação de efeitos de desastres climáticos, para servir de exemplo às demais instituições. 

Segundo a diretora da Escola Estadual de Ensino Médio General Souza Doca, de Muçum, Karina Baronio Cucioli, foi importante elaborar um plano de contingência para pensar em protocolos e saber como agir em casos de emergência – dessa forma, a comunidade escolar se sente mais protegida e preparada:  

— A gente estudou não somente para inundações, mas para casos de incêndio, vendavais. Mapeamos formas de evacuar a escola, por exemplo. Estamos tendo treinamento com os bombeiros, e agora faremos outro com os alunos, professores, funcionários, e a comunidade escolar. Estamos adaptando tudo, antes a gente não sabia como reagir nessas situações. 

Localizado no Vale do Taquari, o colégio foi atingido por duas enchentes, de 2023 e de 2024, e precisou de reparos para retomar as atividades. A Souza Doca e a Escola Estadual de Ensino Fundamental Maria José Mabilde, na Ilha da Pintada, em Porto Alegre, são consideradas escolas-piloto no que se refere ao enfrentamento da crise climática. 

Escolas resilientes 

O evento contou com a presença da secretária da Educação do RS, Raquel Teixeira. De acordo com ela, a criação dos planos de contingência faz parte do programa Escolas Resilientes, da Seduc, solução que envolve três frentes – melhorias na infraestrutura escolar, mudanças curriculares (agregando questões socioemocionais) e elaboração de protocolos para preparar alunos e professores. 

— Essa iniciativa faz parte dos protocolos. Primeiro, cada escola terá que constituir uma comissão. Essa equipe precisa entender o lugar da escola, mapear riscos, elaborar rotas de fuga e orientações corretas, para as pessoas não se desesperarem na hora. O que causa acidentes e fatalidades é não saber o que fazer. O plano de contingência orienta as pessoas para saberem o que fazer, para onde ir — explica a secretária. 

Segundo Raquel, o guia foi lançado para auxiliar as escolas nesse processo, mas cada instituição deverá construir um plano de contingência específico, levando em consideração sua localização e contexto. A previsão é que os planos sejam concluídos até julho de 2026, sendo que os documentos passarão por revisão anual. 

Os planos devem levar em consideração três aspectos:  

  • Antes: práticas a serem adotadas antes de um desastre climático, ou seja, ações de prevenção e preparação (como mapeamento de riscos e organização dos recursos necessários para o enfrentamento de crises) 
  • Durante: as escolas devem planejar a resposta durante a crise, ou seja, formas de mitigar os efeitos de um evento climático extremo 
  • Depois: as instituições devem planejar como será feito o restabelecimento das condições de funcionamento da escola após a emergência 

Após concluídos e revisados, os planos escolares deverão ser divulgados à comunidade, para que alunos, professores, gestores, funcionários, pais e responsáveis tenham acesso. Também devem ser conduzidas simulações junto à comunidade escolar, com base nas estratégias, procedimentos e ações propostas. 

Existe o risco hidrológico, mas também tem o granizo e ondas de calor. Cada tipo de risco exige uma ação diferente. É preciso conhecer esses riscos e elaborar respostas diferentes para cada uma dessas situações.

PAULA MENDONÇA

Instituto Alana

Para a especialista em educação, natureza e culturas do Instituto Alana, Paula Mendonça, os documentos serão fundamentais para que as escolas possam agir com rapidez, responsabilidade, segurança e eficiência em momentos de crise. 

— Existe o risco hidrológico, mas também tem o granizo e ondas de calor. Cada tipo de risco exige uma ação diferente. É preciso conhecer esses riscos e elaborar respostas diferentes para cada uma dessas situações. Há eventos que são imediatos, podem acontecer de uma hora para outra, e outros que são mais previsíveis. Então, é preciso saber como agir para proteger os estudantes e a comunidade escolar — ressalta. 

O evento também contou com a presença a Defesa Civil, que contribuiu com o treinamento e destacou os mecanismos de monitoramento, alertas e avisos que o Estado possui para cada tipo de situação.

— Tudo começa pela educação. Hoje, nós já temos o melhor monitoramento de Porto Alegre e Região Metropolitana, através da contratação de um radar meteorológico. Nós já assinamos um contrato de aquisição de 130 estações de superfície, estações hidrometeorológicas, para que tenhamos a informação em tempo real — afirmou o coordenador da Defesa Civil do RS, coronel Luciano Boeira.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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