247 – Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o professor Gonzalo Vecina Neto não poupou críticas ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a quem classificou como um “desastre redondo”. A fala ocorreu quando a apresentadora Valéria Marc questionou o médico sanitarista sobre os impactos da política norte-americana de desinformação em saúde pública e da recusa de vacinas por parte da população daquele país.

Vecina lembrou que Trump e seu círculo político deram espaço a líderes antivacina, como Robert Kennedy Jr., que se apoia em estudos desmentidos há décadas para questionar a imunização contra o sarampo. “Eles aboliram principalmente a vacinação do sarampo, porque o Kennedy Júnior ainda acredita numa farsa publicada nos anos 1990. O problema é que, quando cai a cobertura vacinal, o vírus volta a circular e a ameaça é enorme”, alertou.

O professor explicou que o sarampo pode parecer uma doença “benigna” em crianças saudáveis, mas é muito mais grave em adultos desprotegidos. “No adulto existe uma forma de encefalite bastante frequente quando você tem sarampo, e aí o adulto morre da encefalite. O perigo é o vírus voltar a circular nos Estados Unidos, e como os americanos vivem viajando pelo mundo, isso é uma preocupação epidemiológica séria”, afirmou.

Ele destacou que a baixa adesão à vacinação nos EUA não coloca apenas a população local em risco, mas pode se refletir em surtos globais. Segundo Vecina, o Brasil já registrou casos recentes de sarampo importados do exterior, em especial da Venezuela, mas a circulação do vírus em território norte-americano seria ainda mais perigosa devido ao volume de viagens internacionais.

Além da questão sanitária, Vecina criticou os impactos das políticas econômicas de Trump, como o aumento de tarifas sobre cadeias produtivas globais. Para ele, tais medidas desestruturam acordos que levaram décadas para se consolidar e cujas consequências serão sentidas no mundo todo. “Ele consegue ser destrutivo aonde põe a mão. É um desastre perfeito, porque age em várias frentes ao mesmo tempo”, afirmou.

O sanitarista ressaltou, por outro lado, a importância de políticas públicas de reconstrução da confiança em vacinas. Ele citou que, após o período de negacionismo no Brasil, a cobertura vacinal voltou a crescer com os esforços do governo Lula, embora ainda abaixo dos 95% considerados ideais. “Nós já recuperamos bastante, mas a destruição que o governo anterior fez é digna de nota. E o exemplo americano mostra como é perigoso brincar com saúde pública”, concluiu Vecina. Assista: 

 

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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