Quase todos na Invicta andam irritados com as obras em curso. Alguns, porque lhes roubaram o usufruto de lugares emblemáticos. Têm razão quanto aos incómodos, mas – acho eu – não quanto à essência do problema que é sacrificar o nosso quotidiano para construir um legado para o futuro.

E nem queiram saber o que custaram obras como a construção da Rua Nova da Alfândega, que arrasou os quarteirões da zona dos Banhos. Ou a abertura da Avenida Central, que levou à destruição do Bairro do Laranjal, numa epopeia de determinação. (E, para nossa vergonha, o arrasamento de parte do Bairro da Sé, para abertura da maldição chamada Avenida da Ponte.) Por mim, estou ansioso para ver como ficarão (espero que, neles, a inovação se cruze com a tradição) os «novos» jardins do Carregal e de Sophia e até o da Boavista. De qualquer modo, por vezes, a falta de dinheiro (ou reconhecer o erro a tempo) tem evitado a realização de empreendimentos que, a serem realizados, constituiriam absoluto desastre.

Num documento de 1854, descobri a planta proposta por William Freebody, de uma linha férrea ligando a cidade do Porto a Leixões. Aparentemente, a partir da Alfândega (já projectada), seguiria ao longo do Douro até à Foz e, a partir daqui, fazendo tábua rasa das praias, prosseguia ao longo da costa, por aí fora. Seria uma hecatombe, sem qualquer futuro. Felizmente optaram pela linha (muito mais extensa) chamada de Cintura, por Campanhã. Salvou-nos da destruição da nossa costa e do quarteirão Atlântico, agora na moda. Foi sorte, milagre ou, simplesmente, o primado da inteligência sobre a lógica?

O AUTOR ESCREVE SEGUNDO A ANTIGA ORTOGRAFIA

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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