
Também foram encontradas fezes humanas e de animais em 96% das áreas avaliadas
A contaminação de praças e parques por parasitas em Maceió foi evidenciada em um estudo realizado no Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A pesquisa, desenvolvida pela médica veterinária Vitória Sarmento, sob orientação do professor Müller Ribeiro-Andrade, analisou amostras de solo em 55 áreas públicas da capital e encontrou formas parasitárias de vermes e protozoários em 47,9% dos locais. Os oito distritos sanitários do município apresentaram algum grau de contaminação.
A pesquisa apontou que a presença dos parasitas é mais frequente no período chuvoso, de abril a agosto. Também foram encontradas fezes humanas e de animais em 96% das áreas avaliadas, o que reforça a necessidade de ações educativas voltadas ao manejo correto dos dejetos e à higiene dos frequentadores.
Os dados sugerem risco de transmissão de doenças zoonóticas — que podem ser passadas de animais para humanos — e indicam a importância de práticas de prevenção.
Foram identificados vermes como Ascaris, Trichuris, Hymenolepis e Toxocara, além de protozoários como Entamoeba e Cystoisospora. Um dos destaques é a presença de ancilostomídeos, como o Ancylostoma caninum, que pode causar lesões cutâneas conhecidas como “bicho-geográfico” em humanos. A maioria dos parasitas encontrados é causadora de infecções intestinais, mas alguns têm potencial de afetar outros sistemas do corpo.
Müller explica que o problema reflete hábitos culturais e comportamentais no uso dos espaços coletivos. Ele destaca a necessidade do recolhimento adequado de fezes de animais, exames parasitológicos periódicos e vermifugação racional. Também reforça a importância de uso de calçados, práticas básicas de higiene e políticas públicas voltadas à população em situação de rua e ao controle de animais errantes.
Intitulada “Saúde Única nas praças: avaliação da contaminação ambiental por parasitos em áreas públicas de Maceió, Alagoas”, a pesquisa segue o conceito de Saúde Única (One Health), que considera a interdependência entre saúde humana, animal e ambiental. O trabalho teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e envolveu dez estudantes da da Escola Estadual Professor Edmilson de Vasconcelos Pontes.