Em Nova Iorque, à margem da Assembleia-Geral da ONU, Paulo Rangel frisou que “não há nenhum plano extra” face aos relatos de explosões intimidatórias contra a flotilha que transporta ajuda humanitária, sublinhado que os “riscos são conhecidos, todas as pessoas estão conscientes deles”.
Contudo, Portugal tem estado em contacto com as autoridades italianas para que as fragatas enviadas por esse país possam dar a proteção consular e humanitária aos três portugueses a bordo da Flotilha Global Sumud.
Portugal não seguirá assim o caminho de Espanha e Itália, que anunciaram o envio de navios militares para “possíveis operações de socorro” à flotilha pró-Palestina, que alega ter sido atacada durante a noite de terça-feira na costa da Grécia.
“O Estado português fez tudo aquilo que se comprometeu, nem mais nem menos, desde o início, que é a proteção consular, o que significa também proteção humanitária no caso desta ser necessária. É isso que faz agora através da colaboração com as autoridades italianas”, declarou Paulo Rangel.
A decisão de Espanha e Itália surgiu depois de os organizadores da Flotilha Global Sumud, que se propõe levar ajuda humanitária para o enclave palestiniano, terem anunciado, num comunicado, que o conjunto de 51 embarcações foi terça-feira alvo de explosões e de vários drones quando seguia ao largo da costa grega.
Já Israel assegurou hoje que a Marinha está preparada para intercetar a Flotilha Global Sumud.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros (MNE) português frisou hoje que as autoridades italianas conseguiram um acordo de mediação com as autoridades israelitas e com a Igreja Católica, através do qual a ajuda humanitária carregada pela flotilha poderá ser deixada em Chipre e, posteriormente, ser carregada para Gaza pelo Patriarcado Latino de Jerusalém.
“Portanto, essa é uma solução, que é fazer chegar a Gaza a ajuda humanitária dessa maneira, não correndo outros riscos. Este é um aconselhamento, uma recomendação das autoridades italianas, que estão disponíveis para dar aos cidadãos portugueses, mas, por exemplo, também aos cidadãos belgas, o apoio humanitário consular que seja necessário”, disse à Lusa Paulo Rangel, em Nova Iorque.
O ministro admitiu preocupação por se “correrem riscos grandes”, quando há agora uma alternativa viável de fazer chegar a dita ajuda humanitária a Gaza através do Patriarcado Latino de Jerusalém.
Já o ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, apelou hoje à Flotilha Global Sumud que aceite o plano de entregar a carga humanitária no Chipre, por segurança.
O governante explicou que, “uma vez que deixem águas internacionais e entrem em águas de outro Estado, a segurança não pode ser garantida”.
A Flotilha Global Sumud é composta por cerca de 50 navios com ativistas, políticos, jornalistas e médicos de mais de 40 nacionalidades, incluindo três portugueses: a deputada Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício.
Na quarta-feira, após o ultimo ataque de drone à flotilha, Matiana Mortágua apelou a uma mobilização social em Portugal para pressionar o Governo a proteger esta missão.
“A vossa mobilização e capacidade de pressionar o governo português, que tem sido dos governos com as reações mais tímidas, mais vergonhosas até em relação à flotilha e à sua proteção, a vossa pressão é essencial para garantir a segurança desta flotilha, um corredor humanitário, e para contribuir para acabar com o genocídio”, apelou Mariana Mortágua, num vídeo divulgado na sua conta oficial de Instagram.
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