Por Nidal al-Mughrabi e Dawoud Abu Alkas

As Forças Armadas de Israel avançaram ainda mais em direção às áreas mais populosas da Cidade de Gaza na terça-feira, um lembrete doloroso para os habitantes de Gaza de que o reconhecimento de um Estado palestino pelas potências ocidentais não significa o fim dos horrores da guerra em meio à aproximação dos tanques.

Israel prosseguiu com sua ofensiva em Gaza um dia depois que dezenas de líderes mundiais se reuniram nas Nações Unidas para abraçar um Estado palestino, uma mudança diplomática marcante que enfrenta uma resistência feroz de Israel e de seu aliado próximo, os Estados Unidos, após quase dois anos de guerra.

Israel afirma que as medidas prejudicarão as perspectivas de um fim pacífico para a guerra no enclave palestino, grande parte dele devastado por ataques aéreos israelenses e uma crise humanitária que inclui fome generalizada.

Autoridades de saúde locais disseram que os disparos israelenses na terça-feira mataram pelo menos 22 pessoas na Faixa de Gaza, 18 delas na Cidade de Gaza, e o Ministério da Saúde de Gaza afirmou que os hospitais do enclave ficariam sem combustível nos próximos dias, colocando vidas em risco.

“Não estamos firmes, estamos desamparados. Não temos dinheiro para sair para o sul e não temos garantias de que, se o fizermos, os israelenses não nos bombardearão, por isso estamos ficando”, disse Huda, mãe de dois filhos da Cidade de Gaza, à Reuters por meio de um aplicativo de mensagem.

“As crianças tremem o tempo todo com os sons das explosões, nós também trememos, eles estão destruindo uma cidade com milhares de anos e o mundo está comemorando um reconhecimento simbólico de um Estado que não vai parar de nos matar.”

As forças israelenses detonaram veículos carregados de explosivos nos subúrbios de Sabra e Tel Al-Hawa enquanto os tanques faziam um grande avanço em direção ao lado oeste da Cidade de Gaza. Os moradores disseram que as explosões destruíram dezenas de casas e estradas.

O presidente Emmanuel Macron anunciou que a França reconheceu a condição de Estado palestino em uma reunião que ele convocou com a Arábia Saudita na segunda-feira — um marco que parecia improvável de causar mudanças na prática.

O embaixador de Israel na França, Joshua L Zarka, disse em uma entrevista à Reuters que a decisão da França de reconhecer um Estado palestino foi percebida em Israel como uma decisão hostil e que a confiança precisaria ser reconstruída entre Macron e o governo israelense.

SOLUÇÃO DE DOIS ESTADOS

A solução de dois Estados foi o alicerce do processo de paz apoiado pelos EUA, iniciado pelos Acordos de Oslo de 1993, mas o processo praticamente morreu.

O governo israelense declarou que não haverá Estado palestino, à medida que luta contra o grupo militante Hamas em Gaza após o ataque a Israel em 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 pessoas, de acordo com os registros israelenses.

Israel recebeu condenação global por sua conduta militar em Gaza, onde mais de 65.000 palestinos foram mortos, segundo as autoridades de saúde locais.

Apesar disso, Israel iniciou um ataque terrestre à Cidade de Gaza, com poucas perspectivas de cessar-fogo, e quer que o Hamas entregue os últimos reféns que apreendeu no ataque a Israel em 2023.

A Cidade de Gaza é a capital da Faixa de Gaza e costumava abrigar os batalhões mais poderosos do Hamas antes da guerra.

“Agora estamos sendo mortos como cidadãos do Estado da Palestina? Foi isso que aconteceu?”, disse Abu Mustafa, horas depois de ter fugido de sua casa na Cidade de Gaza porque os tanques israelenses estavam próximos.

“Os países que de repente se lembraram de que a Palestina estava ocupada esqueceram que Gaza está sendo dizimada. Queremos que a guerra termine, queremos que nosso massacre termine, é disso que precisamos agora, não de declarações.”

A maioria dos moradores de Gaza não pensa no reconhecimento, em grande parte simbólico, de um Estado palestino. Eles querem que os ataques aéreos e a grave escassez de alimentos, combustível e medicamentos acabem agora.

“O reconhecimento de países é em vão. Nossa esperança é que Deus pare a guerra e ponto final”, disse Abu Muhran Salma, de 60 anos, um dos muitos moradores de Gaza deslocados pelos ataques israelenses.

(Reportagem de Nidal al-Mughrabi, May Angel, Michelle Nichols, Alexander Cornwell e Lewis Macdonald)

((Tradução Redação São Paulo))

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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