Investigadores espanhóis detetaram concentrações preocupantes de mercúrio num peixe muito consumido no Mediterrâneo e presente em várias receitas tradicionais da Península Ibérica. O estudo foi publicado em julho na revista Marine Pollution Bulletin, e citado pelo jornal digital espanhol HuffPost.
Dados que preocupam os especialistas
A investigação avaliou fatores biológicos, ambientais e de origem humana, concluindo que os exemplares de maior dimensão, assim como os capturados na costa da Catalunha, apresentavam concentrações mais elevadas de mercúrio.
Este metal pesado é altamente tóxico para os ecossistemas marinhos e também para a saúde humana, levando os cientistas a defenderem a inclusão de limites de consumo específicos por espécie nas análises de risco alimentar.
Um prato típico em risco
Na Andaluzia, a pintarroja (Scyliorhinus canicula) continua a ser muito apreciada, sobretudo no prato tradicional “caldillo de pintarroja”, de acordo com a mesma fonte. No entanto, os investigadores alertam que o consumo frequente desta espécie pode representar riscos para a saúde, sobretudo em regiões onde faz parte da alimentação diária.
Precaução no consumo
Elena Lloret, investigadora do ICM-CSIC e autora principal do estudo, citada pela mesma fonte, destacou que “são necessários dados mais específicos sobre os hábitos de consumo para se obterem resultados mais precisos”.
Apesar desta ressalva, o alerta é claro quanto à necessidade de precaução na ingestão deste peixe, sobretudo quando consumido de forma regular.
Situação em Portugal
Embora seja mais comum em Espanha, este peixe muito consumido no Mediterrâneo também está presente em Portugal, onde surge em mercados sob nomes como “cação pequeno” ou “peixe-gato”. Em alguns casos, é utilizada em caldeiradas e sopas de peixe, mas o seu consumo é residual quando comparado com outras espécies, refere a mesma fonte.
A pintarroja habita zonas arenosas e profundas do Atlântico oriental e do Mediterrâneo. Apesar de resistente, é vulnerável à sobrepesca devido ao crescimento lento.
Tal como outras espécies de profundidade, acumula metais pesados ao longo da vida, o que torna essencial a monitorização regular dos seus níveis de contaminação.
Um alerta que vai além de uma espécie
O estudo, citado pelo HuffPost, reforça a necessidade de vigiar a presença de mercúrio em diferentes espécies consumidas no sul da Europa. Para além da pintarroja, outras variedades de peixe de profundidade podem acumular este metal tóxico, levantando preocupações de saúde pública e exigindo maior rigor na avaliação dos riscos alimentares.
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