Até o dia 28 de setembro, o Sesc da Avenida Paulista, em São Paulo, recebe o espetáculo Tapajós, fruto de mais de uma década de pesquisa sobre rios brasileiros. Dirigido por Gabriela Carneiro da Cunha, a peça faz parte do Projeto Margens, iniciado em 2014, que escuta “o testemunho de rios que vivem uma catástrofe”, como ela explica em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

“O Tapajós é parte de um projeto longo de pesquisa, chamado Projeto Margens, sobre rios, boiunas e vagalumes. Criamos trabalhos no teatro a partir da escuta do testemunho de rios, que vivem uma catástrofe”, diz. Representado no espetáculo, o rio Tapajós nasce no Mato Grosso, percorre o Pará até desaguar no Amazonas em Santarém.

A performance aborda a contaminação do rio pelo mercúrio do garimpo ilegal de ouro, a partir de um encontro entre o teatro e a fotografia analógica. Durante a apresentação, o público acompanha a revelação de imagens em um laboratório fotográfico montado em cena, com registros feitos em assembleias indígenas e festivais da região.

“O mercúrio esteve presente na criação da fotografia analógica através do vapor. Então, nessa peça, usamos esse mesmo elemento químico que, no Tapajós, aliado ao garimpo, faz as existências desaparecerem. Aqui, aliado ao teatro e à vida, faz as existências aparecerem”, indica.

Maternidade e resistência

Outro eixo da obra é o maternar como potência diante da destruição ambiental. Segundo Cunha, mulheres indígenas Munduruku estão na linha de frente da defesa do rio.

“Os corpos mais afetados pela contaminação do mercúrio são os corpos das mulheres gestantes. Quando perguntei para Edilene Munduruku como seria possível curar o Tapajós, ela me respondeu: temos que trabalhar com a mãe do rio. Porque tudo tem mãe”, conta.

Na peça, nove pessoas do público são convidadas a assumir simbolicamente o papel de “mães”, reforçando o chamado coletivo à defesa da vida. “Venham, tragam suas mães, sejam mães e venham assistir a peça e viver a peça”, convida a diretora.

Serviço

Espetáculo Tapajós

  • Em cartaz até 28 de setembro
  • Quintas, sextas e sábados às 20h; domingos às 18h
  • Sesc Avenida Paulista, São Paulo (SP)
  • Ingressos

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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