Césio-137: As marcas ainda deixadas pelo maior acidente radioativo do BrasilDesastre com Césio-137 em Goiânia afetou milhares de pessoas - Divulgação/Governo de Goiás

Na última semana, o Conselho Municipal de Cultura de Goiânia expressou sua insatisfação em relação à escolha da locação para a minissérie Emergência Radioativa, que retrata o trágico acidente radiológico de césio-137 ocorrido em 1987 na capital goiana. A manifestação coincide com o 38º aniversário do desastre.

A produção, anunciada pela Netflix em junho deste ano, tem como base o incidente envolvendo o césio-137, considerado pela Agência Internacional de Energia Atômica como o maior acidente radiológico fora de usinas nucleares. Para os conselheiros, a cidade possui todos os recursos necessários para a realização de uma obra dessa magnitude, incluindo profissionais qualificados e uma infraestrutura adequada.

Césio-137 em São Paulo?

No documento divulgado, os membros do conselho ressaltam que a filmagem do evento histórico em Goiânia não apenas honraria a memória coletiva da cidade, mas também contribuiria para a geração de empregos e o fortalecimento da economia local. “A produção aqui seria um ato de justiça à nossa história, além de promover uma representação mais fiel da cultura brasileira”, afirmam.

A carta destaca ainda que o acidente com césio-137 pertence ao patrimônio emocional e histórico da cidade: “Esse episódio não é apenas uma narrativa para ser encenada em estúdio; ele é parte integrante de Goiânia e das cicatrizes que carrega até hoje”.

O acidente teve início em setembro de 1987, quando catadores de sucata descobriram um aparelho de radioterapia abandonado em uma clínica desativada. O dispositivo continha césio-137, cuja cápsula foi acidentalmente rompida no ferro-velho onde foi levado. O material luminescente foi manipulado e disseminado entre familiares e vizinhos, sem que estes tivessem conhecimento dos perigos envolvidos.

Esse incidente resultou no maior desastre radiológico do Brasil e um dos mais significativos globalmente, atingindo o nível 5 na Escala Internacional de Acidentes Nucleares. Durante as operações de monitoramento, aproximadamente 110 mil pessoas foram avaliadas, com 249 casos confirmados de contaminação; entre esses, quatro pessoas vieram a falecer devido à síndrome aguda da radiação.

Até os dias atuais, Goiânia permanece marcada por este trágico evento. As áreas onde se localizavam o ferro-velho e o ponto onde a cápsula foi aberta foram escavadas até oito metros de profundidade e concretadas para evitar riscos. Hoje, essas regiões permanecem como um vazio urbano, impossibilitadas para qualquer tipo de construção devido às diretrizes de segurança.

A clínica onde se deu o achado do césio-137 foi demolida e no local foi erguido o Centro de Convenções de Goiânia, inaugurado em 1994, marcando uma nova fase na história da cidade.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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