Quando se fala em veterinária, muita gente associa imediatamente a profissão ao cuidado com cães e gatos. Mas o papel do médico veterinário vai muito além das clínicas e consultórios. Um dos campos mais estratégicos da profissão está no controle de zoonoses, que são doenças transmitidas dos animais aos seres humanos, e representam uma ameaça significativa à saúde pública.
As transmissões podem acontecer de forma direta, por mordidas, arranhões ou contato com secreções, ou de forma indireta, por meio de mosquitos, insetos, água e alimentos contaminados. Entre as mais conhecidas estão a raiva, a leptospirose e a leishmaniose, que ainda circulam no Brasil e exigem atenção constante das autoridades sanitárias.


De acordo com o professor Caio Lemos, do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Estácio da Amazônia, a atuação do veterinário é estratégica porque envolve conhecimento sobre o agente transmissor, o ciclo da doença, as formas de contaminação, os sintomas e o tempo de duração. “Isso permite criar planos de contingência e estratégias de prevenção que beneficiam toda a população, tanto nas áreas rurais quanto nas urbanas”, explica.
Ele explica que essa atuação extrapola o cuidado com animais domésticos. “Na prática, o trabalho inclui campanhas de vacinação antirrábica, programas de castração de animais de rua e domésticos, e ações de conscientização em escolas, universidades e órgãos públicos. Essas medidas ajudam a conter surtos e reduzem os riscos para a saúde coletiva”, completa.


Para Caio, medidas preventivas eficazes, além das campanhas de vacinação, envolvem ainda “investimentos em saneamento básico para ajudar a controlar a proliferação de vetores e animais doentes, como ratos, cães e gatos”.
A prevenção, segundo o professor, também depende da população. O médico veterinário destaca que os tutores devem manter seus animais vacinados, vermifugados e protegidos contra pulgas e carrapatos. “Além disso, palestras e eventos realizados por instituições acadêmicas e órgãos públicos ampliam o alcance da informação. A Internet também é uma ferramenta importante para conscientizar e levar o assunto de maneira leve e objetiva”, completa.
Caio ressalta que o futuro do combate às zoonoses passa por avanços científicos e por políticas públicas que fortaleçam a profissão. Segundo ele, é fundamental investir na valorização do profissional e em medidas que envolvam também preservação ambiental e criar programas que incentivem os veterinários a atuar na linha de frente, em hospitais e unidades básicas de saúde”, conclui.