Bruno Rodrigues fazia uma sessão de hemodiálise em uma clínica de São Gonçalo quando tudo aconteceu.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

A Polícia Civil investiga como homicídio culposo, quando não há intenção de matar, a morte do entregador Bruno Rodrigues Ventura dos Santos, de 29 anos. Ele foi contaminado com ácido peracético durante uma sessão de hemodiálise em uma clínica particular conveniada ao SUS, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.

Morte em clínica após contaminação com ácido vira caso de homicídio culposo | Bruno ficou internado por 18 dias e teve a morte confirmada nesta segunda-feira
Bruno ficou internado por 18 dias e teve a morte confirmada nesta segunda-feira

Bruno ficou internado por 18 dias e teve a morte confirmada na segunda-feira. Até então, o caso era tratado como lesão corporal pela 72ª DP (Mutuá), mas a tipificação foi alterada nesta terça-feira.

“Os agentes ouviram testemunhas e realizam outras diligências. O inquérito está em fase final”, diz a nota.

Sessão de hemodiálise

O entregador, que sofria de doença renal crônica, realizava o tratamento regularmente na clínica Nice Diálise, no bairro São Miguel. No dia 20 de agosto, ele iniciou o procedimento normalmente, mas, minutos depois, familiares notaram uma movimentação incomum na unidade.

– A minha mãe disse que às 7h começou a perceber uma correria na clínica. Então, mandou mensagem para meu irmão, perguntando se estava tudo bem, mas ele não respondeu. Foi quando começou a perceber que poderia ser com ele – contou a irmã da vítima, Vitória Rodrigues, ao Agenda do Poder.

Segundo relato feito à família, Bruno deveria estar sob os cuidados de uma enfermeira fixa. No entanto, naquele dia, outra profissional assumiu o procedimento e foi ela quem conectou o paciente à máquina.

Contaminação com produto químico

A direção técnica da clínica admitiu à família que houve contaminação por ácido peracético, substância utilizada na esterilização de equipamentos médicos. O resíduo não foi retirado da máquina de hemodiálise e acabou entrando diretamente na corrente sanguínea do paciente.

Desde então, Bruno permaneceu entubado, em coma induzido até não resistir às complicações.

– Ele lutou bravamente até o fim, e agora descansa em paz nos braços do Senhor. Pedimos que continuem as orações por nossa família – publicou Vitória nas redes sociais.

Até o momento, não há informações sobre o sepultamento da vítima.

Fiscalização

A Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil de São Gonçalo (Semsadc) informou que o estabelecimento é credenciada para atendimentos de alta complexidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e havia convênio com a cidade até o fim de abril deste ano.

“A fiscalização dos serviços prestados cabe à Vigilância Sanitária Estadual, que foi notificada sobre o ocorrido pela Secretaria Municipal de Saúde de São Gonçalo e deverá tomar as devidas providências”, diz a nota.

Já a Secretaria de Estado de Saúde, por meio da Superintendência de Vigilância Sanitária, disse que realizou inspeção no local e constatou que a unidade possuía licença sanitária válida para funcionamento. 

“A Secretaria de Estado de Saúde determinou que a clínica apresente um cronograma de melhorias em seus processos de trabalho e de capacitação da equipe, a fim de garantir maior segurança no atendimento aos pacientes. Além disso, a SES está realizando a transferência dos pacientes que eram atendidos na clínica para unidades de referência na região para garantir a continuidade do tratamento”, informou.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) disse que abriu sindicância para apurar os fatos.  O diretor técnico do estabelecimento está com o registro médico ativo.

O Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren)  está acompanhando o caso de perto e informou que tomou as medidas cabíveis dentro de sua competência, apurando se houve falha na assistência de enfermagem ou em processos relacionados à prática profissional.

“Caso seja constatada qualquer infração ética, as responsabilidades serão apuradas com a devida seriedade”, afirmou.

A reportagem tenta contato com a clínica, o espaço segue aberto para eventuais manifestações.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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