No Dia da Amazônia, chega aos cinemas um importante alerta sobre os riscos que o maior bioma do Brasil enfrenta. O documentário “Amazônia, a Nova Minamata?”, dirigido por Jorge Bodanzky, expõe a grave situação da contaminação por mercúrio nos rios amazônicos e acompanha a luta do povo Munduruku contra o garimpo ilegal na região.
A origem do filme remonta a 2016, quando o diretor, durante as filmagens de uma série sobre a Transamazônica, encontrou uma assembleia de caciques que contava com a presença inusitada de um médico. O profissional estava investigando uma demanda alta de pedidos de cadeiras de rodas para crianças, o que já sinalizava as consequências dos problemas neurológicos causados pela contaminação por mercúrio.
Paralelo com tragédia japonesa
O documentário estabelece uma comparação com a tragédia ocorrida na cidade japonesa de Minamata, onde milhares de pessoas sofreram graves sequelas devido à contaminação por mercúrio no século passado. Segundo pesquisadores, a Amazônia apresenta sinais preocupantes de seguir caminho semelhante.
Dados recentes da Fiocruz revelam que mais de 20% dos peixes analisados na Amazônia apresentam níveis de mercúrio acima do limite de segurança estabelecido pela Organização Mundial da Saúde. Na região do Médio Tapajós, médicos já registraram diversos casos de problemas neurológicos em crianças, evidenciando os efeitos nocivos do metal pesado no sistema nervoso.
Violência e resistência
O filme também documenta a violência empregada por garimpeiros contra aqueles que se opõem à exploração ilegal de minério na região. Além disso, registra a mobilização das lideranças indígenas que luta para conter o avanço do garimpo em seus territórios, servindo como importante instrumento de conscientização para as comunidades locais.