A Flotilha Sumud Global, que partiu de Barcelona no último domingo, dia 31 de agosto, é uma enorme iniciativa composta por dezenas de embarcações tripuladas por ativistas e militantes de 44 países comprometida em acabar com o genocida cerco à Faixa de Gaza imposto por Israel. Como tem sido manchete nos jornais do mundo todo, esse criminoso cerco é responsável pela explosão da fome, que está matando a população palestina indiscriminadamente. E a Flotilha tomou para si a missão de quebrar este cerco, denunciando a hipocrisia e inação dos governos mundo afora, em especial das potências imperialistas que na prática dão carta branca ao Estado sionista e sua matança.
Os integrantes desta importante missão, que conta com uma delegação de 13 membros brasileiros dos quais o Esquerda Diário participa através da presença de Bruno Gilga, são militantes de organizações de esquerda, sindicatos, direitos humanos, artistas, movimentos sociais e ativistas pró-Palestina do mundo inteiro. Representam milhões de pessoas que se mobilizam em diversos países contra o genocídio sionista e em defesa de uma Palestina livre do rio ao mar. Dessa forma, os integrantes da atual missão da Flotilha estão apoiados em um crescente e potente movimento internacional.
A resposta reacionária da cúpula genocida de Israel não tardou. Após reunir-se com Netanyahu e seus ministros, Ben Gvir, ministro de segurança nacional e líder do partido de extrema-direita, Otzma Yehudit, declarou que deseja tratar os membros da Flotilha como “terroristas”. Uma declaração absurda e gravíssima, sobretudo porque terrorista é o cerco imposto pelos sionistas a Gaza. As implicações que isso teria são inadmissíveis.
O plano de Ben Gvir envolveria confiscar as dezenas de embarcações da Flotilha, além de mandar os seus tripulantes para prisões israelenses de Ketziot e Damon, destinadas àqueles que Israel arbitrariamente caracteriza como “terroristas” muitos dos quais estão sem qualquer julgamento. Nestas prisões já há muito conhecidas pelo povo palestino, o regime se destaca pelas condições árduas, que envolvem alimentação precária, péssimas condições e negação de direitos elementares, tais como o contato com o mundo exterior. Ademais, Ben Gvir anunciou ainda que deseja executar prisões prolongadas.
Isso se dá em meio a uma enorme crise interna, após a tentativa de Ben Gvir de calar a oposição e publicar um documento que busca inviabilizar os protestos crescentes contra o governo de Netanyahu, no qual proíbe bloqueio de ruas, e exige que as manifestações precisem ser autorizadas previamente pelo governo. Trata-se de uma tentativa de calar os grandes protestos que aconteceram em Tel Aviv nas últimas semanas contra Netanyahu.
Ainda que estes movimentos internos em Israel tenham como fundamento a exigência de retorno dos reféns israelenses, já existem alas mais conscientes, em especial de jovens, que questionam o genocídio e se negam a integrar o exército e sujar as mãos de sangue no genocídio sionista contra os palestinos. Esses movimentos ligam-se à escalada na percepção internacional de que Israel precisa ser detido a todo custo, como demonstra as incessantes manifestações mundo afora, mas também pesquisas como a publicada no jornal israelense Haaretz de que pelo menos 50% da população votante nos Estados Unidos afirma que Israel está cometendo um genocídio.
É neste contexto que após destruir e agora declarar que planeja ocupar a totalidade da Cidade de Gaza e da Cisjordânia, bombardear hospitais, e tentar aniquilar pela fome a resistência do povo palestino, Netanyahu, Ben Gvir, Israel Katz (ministro da Defesa) e o restante da cúpula sionista anunciam mais um crime iminente contra a Flotilha Sumud Global.
Os próximos dias serão decisivos. Por isso, é preciso que todos os olhos estejam atentos na Flotilha Sumud Global, e que qualquer ato de interceptação seja tratado como sequestro de ativistas e civis que legitimamente estão se dispondo a romper o cerco criminoso que Israel impõe a Gaza. É preciso neste momento elevar a mobilização com manifestações que mostrem que os povos do mundo não aceitarão outro destino para os membros da Flotilha que não seja que cheguem em segurança às praias de Gaza, e possam levar a necessária ajuda humanitária para o povo palestino. E, mais do que nunca, é preciso que o Brasil rompa completamente todas as relações econômicas e diplomáticas com o Estado terrorista e genocida de Israel.