A diretora do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, Susan Monarez, deixou a agência menos de um mês depois de ser empossada, confirmou o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) nesta quarta-feira, e três altos funcionários pediram demissão.
A diretora médica do CDC, Debra Houry, e o diretor do Centro Nacional de Imunização e Doenças Respiratórias, Demetre Daskalakis, também saíram depois de pedir demissão, disse Houry à Reuters.
O diretor do Centro Nacional de Doenças Infecciosas Emergentes e Zoonóticas, Daniel Jernigan, também se demitiu, dias depois que a agência relatou o primeiro caso humano de bicheira-do-Novo Mundo, um parasita, nos EUA ligado a um surto em andamento na América Central.
A Reuters verificou suas cartas de demissão.
“Não posso mais exercer essa função por causa da instrumentalização da saúde pública”, escreveu Daskalakis em sua carta.
O Washington Post informou pela primeira vez que Monarez estava sendo demitida na quarta-feira, citando vários funcionários do governo Trump familiarizados com o assunto.
“Susan Monarez não é mais diretora do Centro de Controle e Prevenção de Doenças. Agradecemos a ela por seu serviço dedicado ao povo norte-americano”, disse uma postagem na conta oficial do HHS no X.
O HHS não forneceu um motivo para sua saída da agência. O Post, citando vários funcionários anônimos do CDC, relatou que Monarez cancelou na sexta-feira uma teleconferência para toda a agência que havia sido agendada para segunda-feira.
“Esse é mais um desastre para o CDC, que reduzirá ainda mais o moral das pessoas no CDC. Esses eram líderes proeminentes que eram amplamente respeitados na comunidade de saúde pública”, disse um especialista em doenças infecciosas com laços estreitos com o CDC sobre as saídas de Daskalakis e Houry.
“Com relação a Susan, esse tipo de rotatividade super rápida de liderança também reduzirá ainda mais o moral.”
Monarez, uma cientista do governo federal, foi confirmada pelo Senado dos EUA em 29 de julho para liderar o CDC depois que o presidente Donald Trump a indicou no início do ano. Ela foi empossada pelo secretário do HHS, Robert F. Kennedy Jr., em 31 de julho.
Sua saída da agência ocorreu após um tiroteio na sede do CDC em Atlanta, Geórgia, no início do mês.
Monarez foi a segunda indicada pelo governo Trump para o cargo. Em março, o presidente retirou sua indicação do ex-congressista republicano e crítico de vacinas Dave Weldon, um aliado de Kennedy, poucas horas antes de sua audiência de confirmação.
Desde que foi nomeado como a principal autoridade de saúde dos EUA, Kennedy tem se concentrado na política de vacinas e, em maio, retirou uma recomendação federal de vacinas contra a Covid para mulheres grávidas e crianças saudáveis.
Em seguida, em junho, ele demitiu todos os membros do painel consultivo de especialistas em vacinas do CDC, que recomenda como elas são usadas e por quem, e os substituiu por consultores escolhidos a dedo, incluindo pares ativistas antivacina.
Kennedy tomou decisões importantes sobre vacinas na ausência de um diretor do CDC enquanto Monarez aguardava a confirmação e continuou a fazê-lo depois. Sua saída ocorre no mesmo dia em que Kennedy anunciou mudanças na elegibilidade da vacina contra a Covid.
((Tradução Redação São Paulo))