A peste negra, também conhecida como peste bubônica, é causada pela bactéria Yersinia pestis e foi responsável por uma das pandemias mais mortais da história, matando entre 75 e 200 milhões de pessoas na Europa, Ásia e África durante o século XIV. Embora hoje a doença seja rara e tratável com antibióticos, casos esporádicos ainda surgem em regiões isoladas dos Estados Unidos, Ásia e África.
Em agosto de 2025, um homem residente de South Lake Tahoe, na Califórnia, foi diagnosticado com a doença após ser picado por uma pulga contaminada durante um acampamento. Ele se recupera em casa sob monitoramento médico. As autoridades de saúde reforçaram alertas sobre os cuidados ao frequentar áreas com roedores silvestres.
Apesar do alarde causado pelo nome histórico, especialistas indicam que a peste negra não representa uma ameaça de pandemia atualmente. A doença é considerada endêmica em algumas regiões, como partes da Califórnia, onde roedores silvestres podem hospedar a bactéria e transmiti-la por meio de pulgas. Entre 2021 e 2024, autoridades americanas detectaram a bactéria em 41 esquilos. Em 2025, quatro novos animais testaram positivo.
A recomendação oficial é evitar o contato com roedores silvestres, manter o controle de pulgas em animais domésticos e procurar atendimento médico diante de sintomas como febre, ínguas e fraqueza, que podem surgir até duas semanas após a exposição.
Existe vacina contra a peste negra?
Atualmente, não há vacina aprovada e disponível para o público geral contra a peste bubônica. As vacinas desenvolvidas ao longo do século 20, como as produzidas pelo Instituto Butantan, apresentaram eficácia limitada e não são mais utilizadas.
Por outro lado, a pesquisa científica avança em múltiplas frentes. Cientistas da Universidade de Oxford iniciaram testes clínicos com uma vacina baseada no mRNA mensageiro, a tecnologia utilizada no imunizante contra a Covid-19, desenvolvida em parceria com a AstraZeneca. A nova vacina experimental utiliza adenovírus modificados para estimular uma resposta imunológica sem causar a doença.
Em outra frente inovadora, pesquisadores da Universidade de Tel Aviv e do Instituto de Pesquisas Biológicas de Israel desenvolveram a primeira vacina de mRNA contra a bactéria Yersinia pestis. Em testes com modelos animais, uma única dose mostrou eficácia total. Essa abordagem, semelhante à utilizada nos imunizantes contra o coronavírus, representa um avanço promissor na imunização contra bactérias letais e resistentes a antibióticos.
Embora ambas as vacinas ainda estejam em fase experimental, os resultados apontam para um possível futuro em que a prevenção da peste negra será mais eficaz e acessível.
Como é feito o tratamento
Embora não exista vacina aprovada, a peste bubônica tem tratamento eficaz com antibióticos, desde que iniciado precocemente. Medicamentos como estreptomicina e doxiciclina são capazes de conter a infecção e evitar complicações mais graves.
A prevenção, portanto, baseia-se no diagnóstico rápido e em medidas de controle ambiental e sanitário, especialmente em regiões onde a doença ainda circula entre animais.
O último caso humano de peste negra registrado no Brasil ocorreu em 2005, no município de Pedra Branca, no Ceará. Algumas áreas do Nordeste ainda são classificadas como zonas de vigilância ativa, devido à possível presença da bactéria em roedores. O Ministério da Saúde mantém ações de monitoramento e prevenção nessas regiões.
O diagnóstico recente de peste negra nos EUA não representa risco iminente para a população em geral, mas reforça a importância da vigilância epidemiológica e do avanço científico na busca por vacinas eficazes. Enquanto o imunizante experimental segue em testes, a melhor forma de prevenção segue sendo a informação, o controle ambiental e o acesso rápido ao tratamento.