No início desta semana, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) alertou que alguns sacos de camarão congelado da marca Great Value, vendidos pelo Walmart, podem estar contaminados com césio-137 — o mesmo isótopo radioativo associado aos acidentes nucleares de Chernobyl e Fukushima.
A origem da contaminação continua um mistério. Contudo, a boa notícia é que, segundo a FDA, os níveis encontrados estão muito abaixo do limite perigoso. Portanto, caso tenha consumido tacos de camarão com os lotes suspeitos, não precisa de temer transformar-se num super-herói verde.
O alerta da FDA refere que alguns contêineres da empresa indonésia BMS Foods, importadora do camarão, apresentaram sinais de radioatividade em portos dos EUA, incluindo Los Angeles, Houston, Miami e Savannah. Os testes laboratoriais confirmaram que um lote de camarão empanado estava contaminado, embora este nunca tenha chegado às prateleiras do Walmart. Apesar disso, a agência emitiu um alerta para os lotes de camarão vendidos em 13 estados norte-americanos: “Se comprou recentemente um dos lotes afetados de camarão cru congelado Great Value do Walmart, descarte-o imediatamente. Não consuma nem sirva este produto.”
A FDA indicou ainda que os frutos do mar parecem ter sido “preparados, embalados ou mantidos em condições insalubres”, sugerindo que a contaminação ocorreu em algum ponto da cadeia de transporte, possivelmente devido à reutilização de contentores sujos. Especialistas apontam que é pouco provável que o problema tenha ocorrido nos viveiros de camarão.
O césio-137 é um subproduto da fissão nuclear. Em doses elevadas, pode causar queimaduras por radiação e doenças graves, enquanto a exposição crónica, mesmo em níveis baixos, aumenta o risco de cancro ao acumular-se no organismo.
Os testes da FDA mediram aproximadamente 68 becqueréis por quilo no camarão empanado. Para referência, um alimento só é considerado perigosamente contaminado quando atinge 1.200 Bq/kg nos EUA — ou 100 Bq/kg segundo a norma europeia. Assim, a contaminação detectada está muito abaixo do limite de risco, embora ainda seja aconselhável não consumir o produto, como explica a ZME Science.
Este incidente expõe fragilidades na cadeia alimentar global: um pequeno erro, como reutilizar contentores contaminados, pode introduzir perigos nos alimentos que chegam às prateleiras. A fiscalização da FDA é crucial para evitar que este tipo de risco passe despercebido.
Apesar do incidente ter sido contido e recolhido, é um lembrete de que a segurança alimentar depende de vigilância constante. O césio-137 no camarão não é apenas um susto mediático — é um sinal de que os sistemas globais de abastecimento exigem atenção contínua para proteger os consumidores.