No dia 22 de agosto de 2025 completam-se 22 anos do acidente que marcou a história do programa espacial brasileiro em Alcântara (MA). A explosão ocorrida em 2003, que tirou a vida de 21 profissionais – engenheiros, técnicos e pesquisadores –, é lembrada como um momento de luto, mas também de reflexão sobre o legado deixado por esses heróis, que dedicaram suas vidas ao avanço tecnológico brasileiro.
Duas décadas depois, o País vive uma nova oportunidade de lançar satélites com foguetes próprios e honrar esta história, por meio do desenvolvimento do Micro Lançador Brasileiro (MLBR). O novo veículo representa um passo estratégico em direção à soberania nacional no acesso ao Espaço e tem como objetivo oferecer ao mercado global um lançador capaz de colocar pequenos satélites em órbita de maneira eficiente, segura e competitiva.
Com lançamento previsto para 2026, o MLBR está em fase avançada de construção, com alguns equipamentos já finalizados. É o caso, por exemplo, dos sistemas de telemetria – responsáveis pela transmissão de dados do veículo para a estação em solo – e do Sistema de Navegação Inercial (SNI), cujos modelos de qualificação já foram construídos e testados com sucesso. Ambos já se encontram na configuração que será utilizada em voo.
O projeto é financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), através da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB). Seu desenvolvimento é conduzido por um arranjo produtivo nacional que integra seis empresas brasileiras de base tecnológica: CENIC Engenharia, ETSYS, CONCERT Space, DELSIS e PLASMAHUB. Além disso, conta com parcerias estratégicas de outras empresas brasileiras como BIZU Space, FIBRAFORTE, ALMEIDA’s e HORUSEYE Tech.
“Sabemos o peso simbólico que Alcântara carrega para todos que atuam no Setor Espacial. O legado daqueles profissionais é um marco de dedicação e coragem. Por isso, o MLBR tem como um de seus princípios fundamentais a segurança e a confiabilidade, aprendendo com o passado para construir um futuro sólido”,
afirma o CEO da CONCERT Space, Rafael Mordente.
O projeto também valoriza a formação de novas gerações de engenheiros e técnicos, estimulando a inovação e reforçando a importância do Setor Espacial para o desenvolvimento científico e econômico do Brasil.
“A retomada desse protagonismo é um tributo aos profissionais que deram suas vidas em nome da ciência nacional, e uma chance de transformar as atividades espaciais brasileiras em referência global, à semelhança do que foi feito na indústria aeronáutica”,
destaca Ralph Corrêa, da CENIC Engenharia – empresa líder do projeto.
Inovação e segurança
Com 12 metros de altura,12 toneladas de peso na rampa de lançamento e capacidade para transportar até 40 kg de carga útil para órbitas baixas, o MLBR será impulsionado por três motores de propelente sólido. Entre os diferenciais do projeto estão o uso de tecnologias avançadas de propulsão, sistemas redundantes de segurança e um planejamento rigoroso de operações, que segue padrões internacionais. Além disso, a estrutura do veículo é feita em fibra de carbono para garantir um sistema mais leve e com alta resistência estrutural.
Vários ensaios estão sendo realizados para testar o funcionamento dos componentes embarcados. As simulações, conduzidas em ambiente laboratorial, replicaram as intensas oscilações esperadas durante o lançamento, incluindo fases críticas como ignição, aceleração máxima e separação de estágios. Os perfis de vibração utilizados são baseados em dados reais de missão.
Também serão conduzidos testes ambientais que simularão as condições extremas do voo espacial, incluindo variações severas de temperatura, vibração e choque mecânico. Entre os ensaios previstos, destacam-se ainda os testes de Compatibilidade Eletromagnética (EMC), que avaliam a emissão e a resistência dos componentes a interferências eletromagnéticas, descargas eletrostáticas e surtos conduzidos pelos cabos do sistema.
O próximo passo será a realização dos chamados “tiros em banco”, que são ensaios estáticos de funcionamento real, porém realizados com os motores em solo e fixados em banco de testes especialmente concebidos para tal finalidade, permitindo validar o empuxo gerado em comparação ao previsto em projeto, a resistência estrutural durante a queima e o comportamento térmico dos componentes expostos a altas temperaturas.
Seguimos avançando firmes na meta inabalável de inclusão de nosso País no seleto clube de nações detentoras de meios próprios de acesso ao Espaço a partir de seu território.
Com informações e imagens da CONCERT e CENIC
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