Tóquio, Japão – Em 12 de agosto de 1985, o voo 123 da Japan Airlines caiu nas montanhas de Ueno, província de Gunma, matando 520 pessoas — o maior desastre aéreo envolvendo uma única aeronave e o segundo em número de vítimas fatais. Apenas quatro ocupantes sobreviveram.

Segundo uma reportagem da emissora TBS, o acidente ocorreu 12 minutos após a decolagem de Haneda, quando um estrondo foi ouvido, seguido de rápida despressurização e pânico a bordo.

As primeiras investigações consideraram terrorismo, mas não encontraram vestígios de bomba. O foco se voltou para uma falha estrutural: parte da cauda e da empenagem vertical se desprendeu, com indícios de rompimento interno. Descobriu-se que, sete anos antes, a aeronave havia sofrido um problema e a fabricante Boeing reparou o “painel de pressão” traseiro — componente que mantém a pressurização da cabine.

O procedimento exigia o uso de uma única chapa de reforço para unir a nova e a velha seção do painel, mas a peça foi instalada cortada em duas, enfraquecendo a estrutura. Ao longo dos anos, a pressão interna teria levado à ruptura, causando a perda da cauda e, em seguida, a queda.

O especialista Tom Swift, da FAA, calculou que um reparo inadequado faria o painel falhar após cerca de 13 mil voos — número muito próximo aos 12.184 voos que a aeronave realizou desde o conserto até o acidente. A revelação abalou engenheiros da Boeing, alguns chegando às lágrimas.

No entanto, identificar o responsável pelo corte da chapa revelou-se impossível. Os EUA, priorizando a prevenção de novos acidentes em vez da responsabilização individual, mantiveram informações restritas. Décadas depois, um jornalista localizou um ex-funcionário da Boeing que participou do reparo em 1978. Ele confirmou o serviço, mas negou o corte, alegando que as peças já eram separadas. Fotos inéditas de investigadores japoneses, porém, sugerem o contrário.

Até hoje, não se sabe quem fez a modificação nem por que ocorreu. Para alguns especialistas, se alguém tivesse percebido o erro, o acidente poderia ter sido evitado. Quarenta anos depois, o “núcleo” das causas segue sem explicação definitiva, mantendo viva a sombra de um dos piores desastres da aviação mundial.

Os piores desastres aéreos do mundo
(em número de mortos)

  • Colisão de Tenerife, Espanha (27 de março de 1977)
    Aeronaves: Boeing 747 da KLM e Boeing 747 da Pan Am
    Mortes: 583
    Em meio a nevoeiro, um erro de comunicação fez o jato da KLM decolar enquanto o da Pan Am ainda taxiava na pista, resultando na colisão mais mortal da aviação.
  • Voo Japan Airlines 123 – Gunma (12 de agosto de 1985)
    Aeronave: Boeing 747SR
    Mortes: 520 (4 sobreviventes)
    Falha estrutural no painel de pressão traseiro, devido a reparo incorreto, levou à perda da cauda e queda nas montanhas de Gunma.
  • Colisão Aérea de Charkhi Dadri, Índia (12 de novembro de 1996)
    Aeronaves: Boeing 747 da Saudi Arabian Airlines e Ilyushin Il-76 da Kazakhstan Airlines
    Mortes: 349
    Em espaço aéreo congestionado e com falha de comunicação, o cargueiro da Kazakhstan Airlines voava abaixo da altitude autorizada, colidindo em pleno voo com o jato de passageiros saudita.
  • Voo Turkish Airlines 981 – Paris, França (3 de março de 1974)
    Aeronave: McDonnell Douglas DC-10
    Mortes: 346
    Porta de carga mal travada se soltou em voo, causando despressurização explosiva e perda de controle.
  • Voo Saudi Arabian Airlines 163 – Riad, Arábia Saudita (19 de agosto de 1980)
    Aeronave: Lockheed L-1011 TriStar
    Mortes: 301
    Incêndio a bordo obrigou pouso de emergência; todos morreram por inalação de fumaça antes da evacuação.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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