Em relatório final de investigação, a Guarda Costeira dos Estados Unidos confirmou que inadequações no projeto e “graves falhas” de protocolo de segurança por parte da empresa Oceangate foram os fatores que motivaram a implosão do submarino Titan, em junho de 2023. O documento foi divulgado nesta terça-feira (5/8). 

O relatório ainda confirma que o acidente poderia ter sido evitado. A principal causa responsável pela implosão foi a perda de integridade estrutural do caso de fibra de carbono.  

 “A principal causa é o fato de a Oceangate não ter seguido protocolos de engenharia estabelecidos para segurança, testes e manutenção do submersível. (…) Por vários anos antes do incidente, a empresa usou táticas de intimidação, o argumento de que realizava operações científicas e sua reputação positiva para escapar da fiscalização. Ao criar e explorar de forma estratégica uma confusão acerca das regras e supervisões, a empresa conseguiu operar o Titan totalmente fora dos protocolos estabelecidos para mergulhos em grandes profundidades”, afirmou a Guarda Costeira dos EUA, via comunicado.

O relatório, além disso, apontou problemas nos processos de certificação, manutenção e inspeção do veículo. Uma “cultura de trabalho tóxica na Oceangate” também foi mencionada. A Guarda Costeira listou, ao todo, seis questões que motivaram o acidente. Confira:

  • O design do Titan e testes conduzidos pela Oceangate não seguiram princípios básicos de engenharia para construir um casco resistente o suficiente para operar com segurança em ambientes de alta pressão;
  • O casco do submarino, feito de fibra de carbono, apresentava falhas que enfraqueceram a estrutura como um todo, e cita elementos como enrolamento, cura, colagem, espessura do casco e padrões de fabricação;
  • A Oceangate não investigou a fundo incidentes anteriores à expedição ao Titanic que comprometeram a integridade do casco e de outros componentes críticos do Titan, e continuou o utilizando sem realizar inspeções adequadas;
  • A Oceangate não fez um estudo para determinar a vida útil do casco do Titan, e não fez manutenções preventivas durante período em que ficou fora de operação antes da expedição ao Titanic em 2023;
  • A Oceangate confiou excessivamente em um sistema de monitoramento em tempo real para avaliar a condição do casco, mas não analisou adequadamente os dados fornecidos por esse sistema;
  • A empresa mantinha um ambiente de trabalho tóxico, em que usava demissões de funcionários experientes e a constante ameaça de desligamento para desencorajar empregados e prestadores de serviço a levantarem preocupações sobre segurança.

Relembre o caso

No dia 18 de junho de 2023, o submarino Titan implodiu nas profundezas do Oceano Atlântico. Todos os cinco bilionários à bordo da embarcação morreram. O veículo fazia, no momento do ocorrido, uma expedição turística ao local onde os destroços do Titanic estão, a 3,8 mil metros de profundida.  

Quatro dias foram necessários para que a Guarda Costeira americana confirmasse o destino dos passageiros e a implosão ocorrida. A Oceangate, da mesma forma, anunciou a morte dos envolvidos. A equipe, ainda conforme a Guarda Costeira, nem teriam sentido a implosão. Por ter sido instantânea, aconteceu em questão de segundos. 

Estavam a bordo o diretor-executivo da OceanGate, empresa responsável pela expedição, Stockton Rush; o empresário paquistanês Shahzada Dawood; Suleman Dawood, que é filho de Shahzada; o bilionário e explorador britânico Hamish Harding; e o ex-comandante da Marinha Francesa Paul-Henry Nargeolet, principal especialista no naufrágio do Titanic.


By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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