Divulgação ONG HUMUS
Enquanto o Brasil se prepara para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro, um dado chama a atenção: 71% dos brasileiros ainda não sabem o que é o evento, segundo pesquisa do Instituto Ideia divulgada pela revista Exame. O desconhecimento contrasta com a crescente preocupação ambiental, 87% da população reconhece que as mudanças climáticas são causadas pela ação humana e 69% relatam estar mais conscientes sobre o tema do que há cinco anos.
O paradoxo revela o desafio urgente de transformar preocupação em ação, especialmente em um país que já sente, em números, os impactos da crise climática. E apesar da complexidade do problema, há iniciativas que podem ser implementadas, justamente para prevenir, antes que algo aconteça novamente.
Desde 1995, desastres relacionados ao clima já provocaram mais de R$ 547 bilhões em prejuízos no Brasil. Só entre 2020 e 2023, as perdas chegaram a quase R$ 188 bilhões, sendo 34% de todo o acumulado histórico em menos de uma década. E as projeções futuras são ainda mais alarmantes: se nada for feito, os danos podem ultrapassar R$ 4,9 trilhões até 2100.
“Prevenir é gestão, economia e compromisso com a vida. O Brasil ainda trata a prevenção como um favor, quando deveria ser uma prioridade estratégica”, afirma Leo Farah, cofundador da ONG HUMUS, organização humanitária especializada em prevenção, resposta e recuperação em desastre. Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres, cada 1 dólar investido em prevenção pode economizar até 15 dólares em custos com recuperação. No entanto, o Brasil ainda falha na prática: entre 2010 e 2023, apenas 63% do orçamento previsto para ações preventivas foi efetivamente executado, de acordo com dados do Cemaden e do S2iD.
A conta da omissão já chegou. O Brasil enfrenta cerca de 4 mil desastres por ano, como enchentes, deslizamentos, tempestades e secas, quase o dobro da média das duas décadas anteriores. Em 2024, o cenário se agravou com o ano mais quente da história, marcado por inundações em quase todos os municípios do Rio Grande do Sul e por uma seca severa na Amazônia. “As mudanças climáticas já estão interferindo no preço da comida, da energia e da saúde. E quem mais sofre são as populações vulneráveis, onde o Estado muitas vezes não alcança. É nesse vácuo que a sociedade civil pode fazer a diferença, com soluções locais, de baixo custo e alta eficiência”, reforça Farah.
A ONG HUMUS atua justamente nesse ponto. Desde 2021, a organização tem marcado presença em tragédias como Petrópolis, São Sebastião, nas enchentes no Rio Grande do Sul e também em crises internacionais, como no Haiti e na Turquia. Além da resposta emergencial, a HUMUS investe na prevenção com formações comunitárias, planos de contingência e programas educativos voltados a crianças, professores, famílias, voluntários.
Com mais de 70% da população vivendo em áreas vulneráveis, cresce a mobilização de empresas e cidadãos. Mas nem toda ajuda chega com eficácia. Em cenários críticos, a diferença está na atuação de comunidades, Defesas Civis e organizações com capacidade técnica, presença local e estrutura logística para agir com rapidez e precisão.
“O desastre não acaba depois do que as outras pessoas enxergam de um desastre. Alguns problemas surgem só depois que a água recua, os voluntários vão embora e o assunto deixa de estar na primeira página. Inclusive um desastre pode ser o gatilho para problemas sociais, como: quebra de setores da economia local, desemprego, evasão escolar, fome, violência e impactos na saúde mental de quem permanece em uma área de risco. Isso pode mudar com investimento consistente em prevenção”, completa Farah.
Visite o site https://www.humusbr.org/ e conheça mais o trabalho da ONG HUMUS.