Durante o tradicional Festival Aéreo Internacional de Gijón, na costa norte da Espanha, um caça EF-18 Hornet da Força Aérea e do Espaço Espanhola protagonizou um momento de tensão extrema que quase terminou em tragédia diante de milhares de espectadores.

O incidente ocorreu durante uma manobra de demonstração em baixa altitude, quando o jato se aproximava da praia de San Lorenzo em voo nivelado e praticamente perpendicular à multidão. De forma repentina, o caça realizou uma virada brusca para a direita, mergulhou em direção ao mar, passou perigosamente próximo da superfície e recuperou a estabilidade em uma impressionante manobra de subida.

O momento foi registrado em vídeo por inúmeros presentes, viralizando nas redes sociais e gerando amplo debate sobre a segurança em exibições aéreas.

Em resposta ao ocorrido, o Estado-Maior da Força Aérea Espanhola confirmou que a manobra não fazia parte da rotina original, mas foi uma reação imediata e instintiva do piloto para evitar uma potencial colisão com um grupo de aves que surgiram subitamente na trajetória da aeronave.

A reação rápida e precisa foi considerada exemplar por especialistas e evitou que uma possível colisão em baixa altitude — especialmente sobre a área densamente ocupada por espectadores — se transformasse em uma catástrofe.

No detalhe os pássaros que estavam próximo do EF-18 Hornet espanhol.

A manobra destacou as capacidades do F/A-18 em realizar voos de alto ângulo de ataque (high-alpha), mesmo em condições extremas de baixa velocidade, graças ao seu sistema de controle fly-by-wire e à aerodinâmica avançada da aeronave.

O EF-18 Hornet, versão espanhola do McDonnell Douglas F/A-18A/B, é operado principalmente pela Ala 15, baseada em Zaragoza, e recebeu atualizações ao longo dos anos, incluindo novos sistemas de navegação, armamento e comunicações. Os modelos atualmente em uso são versões EF-18A+ modernizadas, com previsão de operação até pelo menos 2035. A aeronave mantém excelente capacidade de manobra, ideal para missões tanto de combate quanto de demonstração aérea.

Este não é o primeiro incidente recente envolvendo aviões de combate espanhóis em shows aéreos. Em junho de 2025, um Eurofighter EF2000 colidiu com uma ave durante uma apresentação na base aérea de San Javier, o que resultou na destruição da canopy e na interrupção imediata da demonstração. As imagens do impacto, captadas por um fotógrafo local, mostraram os riscos reais que aves representam para aeronaves em alta velocidade.

Eurofighter da Espanha envolvido em um Bird strike no início de julho.

Em outro episódio, ocorrido em maio de 2023, um EF-18 caiu durante treinamento em Zaragoza. O piloto conseguiu ejetar, mas sofreu ferimentos consideráveis, reacendendo o debate sobre a segurança de tais rotinas.

O evento de Gijón, que reuniu mais de 300 mil pessoas, faz parte do calendário anual de exibições aéreas da Espanha e costuma contar com a participação de diversas unidades da aviação militar e civil. Embora o voo do Hornet tenha terminado com sucesso e sem feridos, o episódio serviu como alerta sobre a importância de avaliar os riscos ambientais — como a presença de aves — em zonas litorâneas, além de reforçar a necessidade do cumprimento estrito dos protocolos de segurança recomendados por organizações internacionais como a ICAS (International Council of Air Shows).

A Força Aérea Espanhola informou que analisará as imagens da apresentação e seguirá os procedimentos de revisão operacional, como é padrão após qualquer manobra crítica não programada. O piloto envolvido, cujo nome não foi divulgado, foi elogiado por sua habilidade, sangue-frio e profissionalismo ao evitar o que poderia ter sido um dos acidentes mais graves já registrados em apresentações aéreas no país.

Este incidente ressalta o elevado grau de treinamento necessário para os pilotos de demonstração, o papel crucial da tecnologia embarcada nas aeronaves de combate modernas e os desafios operacionais enfrentados durante exibições em ambientes imprevisíveis. O EF-18, com sua robustez e agilidade, mais uma vez demonstrou porque continua sendo um dos principais vetores de combate da Europa, mesmo após mais de três décadas de operação.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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