Uma pesquisa inédita realizada em Maceió (AL) identificou a presença de microplásticos em placentas e cordões umbilicais de bebês recém-nascidos. É o primeiro estudo desse tipo na América Latina e apenas o segundo no mundo a comprovar a existência dessas partículas em cordões umbilicais. Os resultados foram divulgados nesta sexta-feira (25) na revista Anais da Academia Brasileira de Ciências.
A investigação analisou amostras de dez gestantes atendidas no Hospital Universitário Professor Alberto Antunes e no Hospital da Mulher Dra. Nise da Silveira. Por meio da técnica de espectroscopia Micro-Raman, que permite identificar a composição química de partículas com alta precisão, foram detectadas 110 partículas em placentas e 119 nos cordões umbilicais.
Os principais compostos encontrados foram o polietileno — comum em embalagens plásticas descartáveis — e a poliamida, presente em tecidos sintéticos. A contaminação por microplásticos durante a gestação vem sendo estudada desde 2021 pelo pesquisador Borbely, que também participou de um estudo semelhante no Havaí, onde a presença dessas partículas foi confirmada em placentas de mulheres locais.
A pesquisa aponta um aumento progressivo da contaminação: microplásticos estavam presentes em 60% das amostras de 2006, 90% em 2013 e em 100% das amostras analisadas em 2021.
Embora não seja possível identificar com precisão a origem da contaminação, os pesquisadores destacam fatores como o consumo de frutos do mar, especialmente moluscos filtradores, e o uso de água mineral envasada — que pode conter mais microplásticos quando exposta à luz solar. A descoberta acende um alerta sobre os impactos da poluição plástica na saúde humana desde a gestação.