Concorde no antigo Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, no final dos anos de 1970 | British Airways

Em 25 de julho de 2000, o mundo assistiu estarrecido à queda de uma das mais emblemáticas aeronaves da história da aviação: o Concorde. O voo 4590 da Air France, que partiria de Paris rumo a Nova Iorque, caiu pouco após a decolagem do aeroporto Charles de Gaulle, vitimando todas as 109 pessoas a bordo e mais quatro em solo. Nesta semana, o acidente completa 25 anos, marcando um dos episódios mais dramáticos da era dos jatos supersônicos.

Interior da aeronave

Desastre do Concorde em Paris

O desastre resulta de uma sequência trágica de eventos iniciada por um fator externo. Inicialmente, uma peça metálica caída na pista por um DC-10 da Continental Airlines, que havia decolado pouco antes. Ao atingir esse fragmento durante a decolagem, o pneu nº 2 do Concorde estourou. Assim, sendo, projetou detritos que perfuraram o tanque de combustível nº 5 da asa esquerda. O jato de combustível resultante do furo se incendiou imediatamente, gerando um incêndio de grandes proporções sob a asa.

Tripulação do Concorde tentou de tudo para salvar supersônico

Apesar das tentativas heroicas da tripulação de retornar e pousar no aeroporto de Le Bourget, a perda de potência nos motores e os danos estruturais impediram o controle da aeronave. O Concorde caiu em um hotel na cidade de Gonesse, nos arredores de Paris, após apenas 80 segundos no ar.

Primeiro voo do Concorde

O Concorde envolvido no acidente, matrícula F-BTSC, havia sido fabricado em 1975 e acumulava quase 12 mil horas de voo. No dia do desastre, estava operando como aeronave reserva, ao passo que precisou passar por uma pequena manutenção de última hora antes de ser liberado para a rota.

A cronologia da tragédia

  • 14h42 (horário local): O Concorde inicia a decolagem.
  • 14h43: O pneu explode, e o tanque de combustível é perfurado.
  • 14h44: Chamas tomam a asa esquerda. A tripulação tenta desviar para Le Bourget.
  • 14h45: A aeronave perde sustentação e mergulha sobre o Hotel Hôtelissimo.

No solo, quatro pessoas morreram, enquanto que, no avião, ninguém sobreviveu.

Um legado que persiste

Memoriais em Gonesse e Mitry-Mory lembram os 113 mortos. O modelo F-BTSC, destruído no acidente, tornou-se símbolo do colapso de um sonho tecnológico que ousou voar alto demais.

Em museus como o Musée de l’Air et de l’Espace, em Le Bourget, e o Brooklands Museum, na Inglaterra, unidades do Concorde seguem abertas à visitação, desafiando o tempo como relíquias de uma era supersônica que jamais será esquecida.

BEA investigou acidente de 25/07/2000 envolvendo o Concorde

As investigações, conduzidas pelo BEA (escritório francês de investigação de acidentes aéreos), concluíram que o acidente não teve relação direta com falhas do projeto do Concorde. Mesmo assim, houve a implementação de medidas técnicas após o desastre. Isso incluiu reforços nos tanques, bem como nos pneus das aeronaves. Ainda assim, a confiança no programa ficou abalada.

Bico da aeronave para pouso virado para baixo

Bico da aeronave para pouso virado para baixo

Corcorde volta aos céus, mas logo se despede

O Concorde voltou a voar em 2001. Entretanto, sua era já estava próxima do fim. Em abril de 2003, Air France e British Airways anunciaram conjuntamente o encerramento das operações comerciais, efetivado meses depois. O alto custo de manutenção, o esvaziamento da demanda e o impacto do acidente pesaram, primordialmente, na decisão.

O episódio também levou a um longo processo judicial. Inicialmente, a Continental Airlines e um de seus mecânicos foram considerados culpados. Todavia, essa a decisão teve reversão em 2012 por um tribunal francês. Tal corte concluiu que a companhia americana não teve culpa direta no terrível acidente.

Memória coletiva mantém avião vivo

Hoje, 25 anos depois, o acidente do voo 4590 permanece como um marco na história da aviação. Em documentários e reportagens, o episódio continua sendo revisitado como símbolo da complexidade e dos riscos inerentes à aviação de alta velocidade.

Concorde desafiava o tempo

O Concorde foi um ícone de engenharia. Com velocidade duas vezes superior à do som, cruzava o Atlântico em pouco mais de três horas. Para muitos, voar nele era um privilégio reservado à elite mundial, símbolo do progresso europeu na corrida tecnológica com os Estados Unidos. Porém, sua carreira sempre esteve cercada por debates: ruído, poluição, altíssimos custos e limitações operacionais.

Comissárias de Bordo em frente ao avião, no Rio de Janeiro

Na época do acidente, apenas Air France e British Airways ainda operavam o modelo. O fim prematuro da aeronave se deve, em grande parte, à tragédia de 2000, mas também ao atentado de 11 de setembro de 2001, que derrubou drasticamente o número de passageiros em voos intercontinentais.

O Concorde caiu e saiu de cena – ou dos céus. Porém, o legado deixado por ele segue voando na memória coletiva da humanidade. Tanto como ferramenta da inovação e ousadia humana, assim como pela tragédia ocorrida neste 25 de julho.

 

Coluna Tecnologia e Inovação, no portal de notícias Folha do Leste, com Enzo Carvalho

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *