Autoridades da Coreia do Sul encontraram “evidências claras” de que os pilotos do voo Jeju Air 2216 desligaram o motor errado após uma colisão com pássaros, momentos antes da tentativa de pouso no aeroporto de Muan. O acidente, que ocorreu em 29 de dezembro de 2024, matou 179 dos 181 ocupantes do Boeing 737-800, no pior desastre aéreo da história do país.

Segundo informações da agência Reuters, com base em fonte próxima à investigação, os pilotos desligaram o motor esquerdo, que estava em melhores condições, em vez do direito, mais danificado pelo impacto com as aves. O gravador de voz da cabine, dados de voo e um interruptor do motor recuperado em maio sustentam a conclusão preliminar.

Famílias criticam divulgação

No último sábado (19), familiares das vítimas foram informados dos detalhes em uma coletiva fechada. A imprensa local, incluindo os veículos MBN e Yonhap, confirmou a versão apresentada aos parentes. A publicação oficial do relatório, no entanto, foi cancelada a pedido das famílias, que alegaram que o documento parecia culpar os pilotos sem considerar outros fatores relevantes.

Advogados que representam os parentes criticaram o teor da minuta, alegando que ele não abordava aspectos estruturais e operacionais que também poderiam ter contribuído para a tragédia.

Sindicato contesta investigação

O sindicato dos pilotos da Jeju Air também se manifestou, acusando o órgão de investigação de “enganar o público” ao sugerir que o motor esquerdo não apresentava falhas, mesmo com vestígios de restos de aves em ambos os motores. Para a entidade, a ARAIB (Conselho de Investigação de Acidentes de Aviação e Ferrovias da Coreia do Sul) estaria transformando os pilotos em “bodes expiatórios” sem apresentar dados técnicos que sustentem a hipótese de erro humano como fator isolado.

A nota divulgada ainda reforça que acidentes aéreos raramente têm causa única e que a análise deve levar em conta questões como infraestrutura do aeroporto e resposta de emergência.

o acidente

O voo Jeju Air 2216, que partiu de Bangkok, colidiu com aves ao se aproximar do pouso e tentou um pouso de emergência de barriga. A aeronave ultrapassou a pista, bateu em um muro que separava a área de navegação e explodiu. Apenas duas pessoas sobreviveram.

Um relatório preliminar, divulgado em janeiro, já havia apontado a presença de restos de pato em ambos os motores, mas sem detalhar a extensão dos danos.

De acordo com normas internacionais, o relatório final da investigação deve ser apresentado até o final de 2025. A Jeju Air afirmou que está colaborando com as autoridades e aguarda a conclusão oficial do inquérito. A Boeing, fabricante da aeronave, e a CFM International, responsável pelos motores, ainda não se pronunciaram sobre os novos dados revelados.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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