Você enche sua garrafinha todos os dias, mas quando foi a última vez que a limpou adequadamente? Seja no trabalho, na academia ou em casa, as garrafas se tornaram companheiras constantes. No entanto, a falta de higienização adequada pode transformar esse item de uso diário em um foco de contaminação. Profissionais da saúde alertam para os riscos à saúde e explicam como manter a garrafa sempre limpa e segura.

A limpeza inadequada pode favorecer a proliferação de bactérias e fungos, colocando em risco a saúde do usuário. Segundo especialistas, microrganismos tendem a se acumular especialmente em áreas de difícil acesso, como tampas, canudos e bicos – situação ainda mais preocupante quando a garrafa é usada para armazenar líquidos além da água.

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Risco invisível

Paulo Roberto, médico nutrólogo, doutor em Ciências Médico-Cirúrgicas pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e com pós-graduação em Farmacologia pela Universidade de Harvard, destacou em entrevista ao O POVO:

“É especialmente relevante em garrafas que são usadas frequentemente e podem conter resíduos de saliva ou partículas de alimentos, principalmente aquelas térmicas, como as do tipo Stanley, com canudos de difícil acesso para limpeza.”

O especialista ressalta que garrafas mal higienizadas podem se tornar ambientes propícios ao desenvolvimento de bactérias patogênicas como Escherichia coli, Salmonella e Listeria, responsáveis por infecções gastrointestinais com sintomas como diarreia, vômitos e dores abdominais.

Além disso, fungos como Aspergillus e Candida (leveduras) também podem se proliferar, aumentando o risco de reações alérgicas ou infecções respiratórias, como asma e rinite alérgica.

Produtos recomendados para a limpeza

Do ponto de vista médico, lavar a garrafa com água e sabão neutro é suficiente na maioria dos casos. No entanto, para uma desinfecção mais profunda — especialmente em ambientes com maior risco de contaminação bacteriana —, o uso de soluções desinfetantes, como o hipoclorito de sódio diluído, pode ser indicado.

Estudos publicados na plataforma PubMed, da Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA, mostram a eficácia desse tipo de limpeza em objetos semelhantes, como mamadeiras. Também é fundamental dar atenção especial às partes menos acessíveis, como canudos e mecanismos de bocal, onde há maior risco de acúmulo de sujeira e bactérias.

De acordo com a professora Carla Maciel, bióloga e doutora em Microbiologia, a limpeza com bicarbonato de sódio pode ser uma opção eficaz para uma higienização mais completa das garrafas.

“Utilizado na proporção de uma colher de sopa por garrafa, deixando agir durante a noite, o bicarbonato ajuda a eliminar microrganismos e odores. É seguro para uso regular semanal”, recomenda a especialista.

Outra alternativa indicada pela dra. Carla é o uso do vinagre. O ácido acético presente no líquido possui propriedades antimicrobianas e pode ser eficaz na desinfecção. Segundo ela, uma solução de partes iguais de água e vinagre branco destilado pode ser utilizada como substituta do bicarbonato de sódio.

O uso frequente desses produtos — bicarbonato de sódio e vinagre — é considerado seguro, desde que seja seguido de um enxágue adequado. A doutora alerta que o principal risco está na falta de enxágue completo, o que pode deixar resíduos e provocar alterações no sabor da água ou até reações alérgicas em pessoas mais sensíveis.

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Com que frequência limpar?

A limpeza da garrafa deve ser feita diariamente, especialmente se o recipiente for utilizado para armazenar líquidos diferentes de água. Passar uma semana sem lavar a garrafa pode criar um ambiente ideal para a proliferação de até 300 mil bactérias por centímetro quadrado, alertam especialistas. Confira a seguir algumas orientações dos profissionais:

Todos os dias: Para garrafas de uso constante, como aquelas utilizadas para hidratação durante atividades físicas ou no trabalho, a higienização deve ser feita diariamente com água e detergente neutro. Além disso, é recomendada uma limpeza mais profunda uma vez por semana, utilizando bicarbonato de sódio ou hipoclorito de sódio.

Semanalmente ou a cada 2-3 dias: Para garrafas que são usadas com menor frequência, a limpeza pode ser realizada semanalmente ou a cada dois a três dias, dependendo da intensidade do uso.

Sinais de alerta

Entre os sinais de que uma garrafa pode não estar mais segura para o uso estão odores persistentes, manchas de mofo visíveis e rachaduras no material, que dificultam a higienização e facilitam a proliferação de microrganismos.

Outro indicativo é a mudança de coloração em canudos ou mecanismos de bocal. “Esses detalhes podem parecer pequenos, mas são sinais importantes de que a garrafa pode não estar mais adequada ao uso diário”, alerta Paulo Roberto.

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Cuidados com diferentes materiais

Segundo a Profa. Dra. Carla Maciel , há diferenças importantes na aderência de microrganismos de acordo com o material da garrafa. Plásticos do tipo PET ou Tritan, por exemplo, tendem a desenvolver microfendas e arranhões com o uso, favorecendo o acúmulo de bactérias.

O vidro, por sua vez, possui uma superfície lisa e não porosa, o que dificulta a adesão microbiana e facilita a higienização. Apesar de ser mais resistente a odores e manchas, o material é menos prático para o transporte diário devido à sua fragilidade.

Outro material comum é o alumínio, que também é suscetível a arranhões — áreas que podem abrigar microrganismos. Além disso, o revestimento interno das garrafas de alumínio pode ser danificado se produtos inadequados forem utilizados na limpeza. Por essas razões, as garrafas de aço inoxidável têm se destacado: o material oferece uma superfície pouco propensa à colonização bacteriana, não desenvolve microfissuras com o tempo e é considerado um dos mais higiênicos.

Passo a passo: como higienizar corretamente sua garrafa de água

1. Desmonte tudo
Separe todas as partes removíveis: tampa, bico, canudo (se tiver). Cada peça precisa ser higienizada separadamente.
2. Lave com água e sabão
Use uma escova (pode ser de mamadeira ou escova pequena) para alcançar cantos difíceis e partes internas do bico e da tampa.
3. Enxágue bem
Remova todo o sabão com água corrente. Não deixe resíduos, pois eles podem acumular sujeira ou alterar o gosto da água.
4. Deixe secar naturalmente
Coloque todas as partes separadas em local arejado. O ideal é deixar secar ao ar livre, com a boca da garrafa virada para baixo.
5. Monte novamente apenas quando tudo estiver seco
A umidade residual pode favorecer a proliferação de fungos e bactérias.




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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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