O terreno de 150 mil m² onde funcionou por décadas a antiga fábrica da Rhodia, em Santo André (SP), está sendo transformado em um dos maiores empreendimentos logísticos do estado. O projeto, com mais de 60 mil m² de área construída, envolve múltiplas frentes: da descontaminação do solo à preservação de prédios tombados, com forte compromisso ambiental e inovação.
“Esse projeto é uma paixão minha”, disse Edith Bertoletti, diretora de operações da Goodman. “A gente começou a trabalhar neste projeto em 2018 com as primeiras reuniões com a Rhodia. Uma fábrica desativada desde 2013, um terreno contaminado, prédios tombados… Esse foi o desafio que a gente enfrentou.”
Desde o início, a proposta era ir além de uma construção de um polo logístico. Tratava-se de recuperar e valorizar um espaço icônico para a cidade e ressignificar sua função no contexto urbano contemporâneo.
Descontaminação do solo e rigor ambiental marcam obra do polo logístico
O terreno apresentava contaminação industrial resultante de práticas antigas de descarte. Para torná-lo viável ao uso logístico, foi necessário aplicar uma série de tecnologias ambientais.
“Tivemos remoção e descarte de solo contaminado, injeção de químicos neutralizantes, e a gente está aplicando já com a CETESB para ter o termo de uso seguro do solo, para o uso logístico, para daqui a gente conseguir o termo de reabilitação final”, detalhou Edith.
Além disso, o controle sobre o solo utilizado para nivelamento da área para abrigar o polo logístico foi rígido. “A gente trouxe terra de todos os cantos da cidade de São Paulo, de obras residenciais. Todo o caminhão que chegava era inspecionado para ver se o terreno que chegava era um terreno livre de contaminação”, completou.
Essa exigência técnica e ambiental é incomum para locais desse porte, como o polo logístico, e mostra a preocupação com a saúde urbana e o uso seguro de áreas anteriormente degradadas.
Patrimônio histórico preservado: restauro com inclusão e memória
Dois prédios tombados dentro do terreno foram incorporados ao projeto, com uma proposta de restauro e uso simbólico, mantendo viva a memória da Rhodia, empresa que ocupou o espaço por quase um século.
“Quase toda a família de Santo André tem alguém que trabalhou na Rhodia”, disse Edith. “A gente está produzindo um vídeo institucional da obra e vai trazer funcionários antigos da Rhodia para falar.”
Os 2.800 m² de patrimônio estão sendo restaurados por uma equipe especializada que também promove inclusão social. “A empresa que está fazendo esse restauro trabalha com refugiados. A mão de obra que a gente está trazendo para cá é uma mão de obra super especializada”, explicou a diretora.
O projeto arquitetônico buscou referências em cidades como Berlim, Paris e Madri. A permeabilidade visual dos prédios foi mantida a pedido do Condefapasa, o conselho de defesa do patrimônio local. “Esse prédio pertence a Santo André. Esses dois prédios pertencem à população de Santo André”, afirmou.
Soluções contra enchentes e sustentabilidade energética
O solo da área foi elevado em quatro metros como prevenção contra alagamentos no polo logístico, problema crônico da região. A medida foi adotada em paralelo aos esforços da prefeitura para resolver as enchentes urbanas.
“Independente de quando isso vai ser feito, a gente também queria que esse galpão estivesse completamente livre de enchentes, para que o cliente estivesse seguro de vir para cá”, explicou Edith.
Outro destaque é a infraestrutura para energia solar. O telhado foi reforçado para receber uma usina fotovoltaica com capacidade de gerar até 6,5 megawatts. “A gente já vai começar com 350 kVA e tem capacidade para expansão”, comentou.
Esse sistema permitirá que os futuros inquilinos tenham autonomia energética e façam uso de soluções sustentáveis desde o início da operação.
Um modelo de reocupação urbana sustentável
Mais do que um projeto isolado de polo logístico, a obra se posiciona como um modelo de requalificação de áreas urbanas degradadas no Brasil, unindo recuperação ambiental, preservação do patrimônio e geração de emprego e renda.
“A gente nunca se eximiu da responsabilidade que a gente tinha de ser o novo ocupante desse terreno”, disse Edith. “Eu acho que a gente fazer revitalização de áreas urbanas é entender isso.”
O projeto representa um novo paradigma para o ABC Paulista, que historicamente concentrou polos industriais. Agora, aponta para um futuro com equilíbrio entre produção, memória e sustentabilidade.
A história da Rhodia: um símbolo do passado industrial de Santo André

A antiga fábrica da Rhodia ocupou o terreno por cerca de 100 anos e foi responsável por empregar gerações de moradores de Santo André e do ABC. Mesmo após a desativação, em 2013, a memória da empresa permanece viva na identidade local.
“Os prédios foram tombados muito mais pela memória afetiva que ele tem para o santo-andreense do que pela joia arquitetônica que ele representa”, afirmou Edith. “Quando a gente veio aqui pela primeira vez, o zelador, o Baldan, ele trabalhava há 40 anos na Rhodia. Ele veio contar a história de quando entrou, os filhos que ele trazia aqui, os filhos iam buscar ele depois do expediente.”
Ao criar um memorial da ocupação do terreno, o projeto busca reconhecer o impacto da Rhodia na vida de milhares de pessoas. “Quando a gente chega num terreno como esse, a gente não pode deixar de lembrar a história que ele tem. A Rhodia representa para Santo André uma memória afetiva”, concluiu.
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