Míssil hipersônico Palestine-2 teria sido usado em operação contra sede da Defesa israelense, segundo grupo iemenita alinhado ao Irã. Tensão regional aumenta com múltiplas frentes de conflito
O grupo Houthi, que controla parte do Iêmen e é apoiado pelo Irã, declarou nesta terça-feira (14) que realizou três ataques contra Israel em um intervalo de apenas 12 horas. O mais recente, segundo os houthis, teve como alvo o Ministério da Defesa israelense, em Tel Aviv, utilizando um míssil balístico hipersônico de fabricação local, batizado de Palestine-2.
O anúncio foi feito pelo porta-voz militar do grupo, Yahya Sarea, que classificou a ação como parte do “dever religioso, moral e humanitário” em apoio ao povo palestino. “Independentemente das consequências, não abandonaremos o povo oprimido da Palestina”, disse.
As sirenes de alerta soaram no centro de Israel durante a madrugada, mas até o momento o Exército israelense não confirmou danos ou vítimas. O ataque com o míssil hipersônico seria inédito no atual conflito e eleva o nível da escalada militar na região.
Israel reage e ataca usina e portos no Iêmen
A resposta israelense veio poucas horas depois, com o bombardeio de uma usina elétrica e dois portos no Iêmen sob controle dos houthis. Os alvos estariam sendo utilizados, segundo Tel Aviv, para o armazenamento e lançamento de drones e mísseis contra Israel.
Esse novo eixo de conflito, que se soma às frentes já ativas na Faixa de Gaza e na fronteira com o Líbano, representa mais um capítulo da atuação do chamado “Eixo da Resistência”, formado por grupos armados financiados pelo Irã — entre eles Hamas, Hezbollah, Jihad Islâmica e os próprios houthis.
Conflito regional se amplia
Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou mais de 1.200 israelenses e resultou no sequestro de cerca de 250 civis, Israel tem realizado operações contínuas na Faixa de Gaza. Segundo autoridades locais palestinas, a resposta militar já deixou mais de 43 mil mortos e devastou grande parte da infraestrutura do enclave.
Ao norte, os combates com o Hezbollah arrefeceram após um cessar-fogo firmado no fim de novembro. Mas os ataques iemenitas — e a resposta militar de Israel — reacendem o temor de uma guerra regional envolvendo diretamente Irã, Síria, Iraque e outros atores estratégicos.
Além disso, Israel intensificou bombardeios aéreos contra bases aliadas ao Irã em território sírio e iraquiano, enquanto mantém uma postura ofensiva na busca por reféns ainda mantidos pelo Hamas.
Perspectiva: risco de guerra em larga escala
Com três frentes ativas — Gaza, Líbano e agora o Iêmen — e o risco constante de envolvimento direto do Irã, o Oriente Médio caminha para um cenário de instabilidade prolongada. O uso de armamentos avançados, como o míssil hipersônico citado pelos houthis, e a atuação de milícias transnacionais financiadas por Teerã ampliam o risco de uma conflagração que extrapole os limites dos conflitos localizados e atinja interesses globais.