Uma grave crise sanitária atinge o setor equestre brasileiro: ao menos 245 cavalos morreram nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas após consumirem rações contaminadas produzidas pela empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda. A informação foi confirmada neste domingo (13) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que desde o fim de maio conduz uma investigação sobre o caso.

Segundo o Mapa, todas as propriedades investigadas apresentaram o mesmo padrão: cavalos que consumiram os produtos da Nutratta adoeceram ou morreram; os que não ingeriram a ração permaneceram saudáveis, mesmo convivendo no mesmo ambiente. Os testes laboratoriais identificaram a presença de alcaloides pirrolizidínicos, em especial a monocrotalina — substância altamente tóxica, proibida na alimentação animal, e que pode causar lesões neurológicas e hepáticas mesmo em doses muito pequenas.

“É a primeira vez na história do Ministério que essa toxina é identificada em ração para equinos”, afirmou Carlos Goulart, secretário de Defesa Agropecuária. “A legislação é clara: essa substância não pode estar presente em nenhuma hipótese”.

A origem da contaminação, segundo a apuração técnica, teria sido uma falha no controle de matéria-prima, com a presença de resíduos de plantas do gênero crotalaria, conhecidas pela produção natural da toxina.

A tragédia afeta criadores de todo o país, mas o caso mais simbólico é o do garanhão Quantum de Alcatéia, um dos cavalos mais premiados e valiosos da raça Mangalarga Marchador, avaliado em R$ 12 milhões. Ele morreu em Alagoas após apresentar sintomas compatíveis com intoxicação alimentar, segundo informações do G1. Ao todo, 69 cavalos morreram apenas no Haras Nova Alcateia, após consumirem a ração contaminada.

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Medidas emergenciais e disputa judicial

Diante da gravidade do caso, o Ministério instaurou processo administrativo, suspendeu cautelarmente a produção e a venda de rações da empresa voltadas inicialmente para equinos, e depois estendeu a medida a todas as espécies animais. No entanto, uma decisão judicial autorizou a Nutratta a retomar parte da produção não destinada a cavalos. O Mapa já recorreu da decisão e apresentou novas evidências técnicas que, segundo o órgão, justificam a continuidade da interdição total.

“Estamos reforçando a fiscalização e exigimos o recolhimento completo dos lotes contaminados. A prioridade é evitar novos casos”, afirmou Goulart. O Ministério também destacou a importância do cumprimento rigoroso dos protocolos de qualidade por parte das fabricantes de rações.

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Empresa lamentou a morte dos cavalos e nega omissão

Em nota divulgada no dia 11 de julho, a Nutratta lamentou profundamente as mortes e se solidarizou com os criadores. A empresa afirma estar colaborando com as investigações e nega omissão. Diz ter agido com responsabilidade e adotado todas as medidas preventivas desde os primeiros relatos, incluindo a suspensão de lotes e revisão de protocolos internos.

A empresa alegou ainda que a linha bovina opera com formulação distinta e segue sendo utilizada sem registros de problemas. Além disso, informou que aguarda a conclusão de análises laboratoriais conduzidas pelo próprio Mapa.

“Sabemos que nenhum laudo técnico trará de volta os animais perdidos, mas seguimos comprometidos em buscar respostas com transparência”, diz o comunicado.

O Ministério da Agricultura afirma que manterá a sociedade informada e continuará atento a qualquer nova denúncia. Disse que as ações de fiscalização seguem intensificadas para garantir a segurança da cadeia produtiva e da saúde animal no país.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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