Substância proibida em ração equina, identificada como monocrotalina, causou a morte de pelo menos 245 cavalos em haras de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas, conforme divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em 13 de julho de 2025. A contaminação, originada em rações da empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda., foi detectada após denúncias iniciadas em 26 de maio. O caso, considerado inédito, gerou prejuízos financeiros e emocionais, incluindo a perda de Quantum de Alcatéia, um garanhão Mangalarga Marchador avaliado em R$ 12 milhões, em Atalaia, Alagoas. A substância tóxica, proveniente de plantas do gênero crotalaria, comprometeu a segurança alimentar animal, levando a uma investigação rigorosa e à suspensão da produção da empresa.

A tragédia abalou criadores e o setor equestre, que enfrenta uma crise sem precedentes. O Ministério da Agricultura instaurou um processo administrativo, aplicou multas e interditou a fabricação de rações da Nutratta, inicialmente para equinos e, posteriormente, para todas as espécies. A empresa, por sua vez, obteve na Justiça a liberação parcial para produzir rações não equinas, mas o Mapa recorreu, apontando riscos à saúde animal.

Origem da contaminação

A investigação conduzida pelo Mapa revelou que a contaminação ocorreu devido a falhas no controle de qualidade da matéria-prima utilizada pela Nutratta. Resíduos de plantas do gênero crotalaria, que contêm alcaloides pirrolizidínicos, foram incorporados acidentalmente ao processo de fabricação. Esses compostos, como a monocrotalina, são altamente tóxicos, mesmo em pequenas quantidades, e podem causar danos neurológicos e hepáticos graves.

O secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, destacou a gravidade do caso, afirmando que a presença dessa substância em rações equinas é um evento sem precedentes na história do ministério. As análises realizadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) confirmaram a toxicidade, levando à ampliação das medidas de fiscalização.

O processo de rastreamento identificou que os lotes contaminados foram distribuídos em pelo menos quatro estados, impactando haras de pequeno e grande porte. A rápida identificação do problema foi possível graças às denúncias de criadores, que notaram sintomas graves em seus animais, como tremores, dificuldade respiratória e colapso.

Prejuízos para criadores

A morte de 245 cavalos gerou perdas econômicas significativas, especialmente para haras especializados em raças de alto valor, como o Mangalarga Marchador. O caso de Quantum de Alcatéia, em Atalaia, exemplifica o impacto devastador. Avaliado em R$ 12 milhões, o garanhão era uma referência na reprodução da raça, com uma linhagem premiada.

Criadores relatam não apenas prejuízos financeiros, mas também um impacto emocional profundo. Muitos consideram os cavalos parte da família, e a perda de animais saudáveis em poucos dias chocou o setor. Além disso, a confiança em marcas de ração foi abalada, levando a uma revisão de práticas de alimentação em haras.

Medidas do Ministério da Agricultura

O Mapa agiu rapidamente após as primeiras denúncias, em 26 de maio, iniciando uma investigação detalhada. A interdição da unidade fabril da Nutratta, em 4 de julho, foi acompanhada pela coleta de amostras de matérias-primas e produtos acabados. Um caminhão com rações foi lacrado para análises adicionais, incluindo testes para substâncias como monensina, clostridium e micotoxinas.

A pasta também ampliou a suspensão da produção para todas as rações da empresa, visando proteger outras espécies animais. O recurso contra a decisão judicial que liberou a produção parcial reflete a preocupação com a segurança alimentar. O Mapa reforçou a fiscalização em todo o país, com foco em evitar novos casos e garantir o recolhimento de lotes contaminados.

O órgão mantém um canal de ouvidoria aberto para novas denúncias, prometendo transparência total no processo. A expectativa é que os resultados finais das análises laboratoriais esclareçam a extensão da contaminação e orientem medidas futuras.

Resposta da Nutratta

A Nutratta Nutrição Animal Ltda. emitiu uma nota oficial em 11 de julho, expressando solidariedade aos criadores afetados e destacando sua colaboração com o Mapa. A empresa, que atua há 13 anos no mercado, enfatizou sua tecnologia de extrusão de fibras e os padrões de qualidade que a tornaram referência no setor.

A companhia suspendeu preventivamente a distribuição de lotes suspeitos e revisou seus protocolos de produção. Amostras de matérias-primas fornecidas por parceiros também foram enviadas para análise, na tentativa de identificar a origem exata da contaminação. A Nutratta afirmou que aguarda os laudos oficiais para tomar novas medidas e reiterou seu compromisso com a transparência.

Repercussão no setor equestre

O caso gerou uma onda de preocupação no setor equestre, que movimenta milhões de reais anualmente no Brasil. Criadores e associações, como a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, cobram medidas mais rigorosas de controle de qualidade na indústria de rações. A morte de animais de linhagens raras reacendeu debates sobre a regulamentação do setor.

Haras em todo o país começaram a adotar práticas de alimentação alternativas, como o uso de forragens naturais, enquanto aguardam garantias de segurança. Eventos equestres programados para 2025, como exposições e leilões, podem ser impactados pela desconfiança gerada pelo caso.

O setor também discute a criação de um fundo de apoio para criadores afetados, embora nenhuma medida oficial tenha sido anunciada. A tragédia expôs a fragilidade na cadeia de suprimentos de rações e a necessidade de maior vigilância.

Próximos passos da investigação

A investigação do Mapa segue em ritmo acelerado, com foco na identificação de todos os lotes contaminados e na responsabilização dos envolvidos. Os laudos finais dos laboratórios federais são aguardados para as próximas semanas, e o resultado deve determinar se a suspensão da Nutratta será mantida ou ampliada.

Enquanto isso, criadores são orientados a evitar o uso de rações da empresa e a relatar qualquer sintoma anormal em seus animais. O Mapa também recomenda a revisão de estoques em haras, com a destruição segura de produtos suspeitos.

Impacto na cadeia produtiva

A contaminação expôs vulnerabilidades na produção de rações no Brasil, levantando questões sobre os processos de controle de qualidade. A presença de crotalaria nas matérias-primas sugere falhas na seleção de fornecedores, um problema que pode afetar outras empresas do setor.

Especialistas apontam que a monocrotalina, mesmo em doses mínimas, é capaz de causar danos irreversíveis, o que reforça a necessidade de testes mais rigorosos. A crise também destacou a importância de laboratórios independentes para análises regulares de produtos agropecuários.

O caso pode levar a mudanças regulatórias, com a possibilidade de novas normas para a fabricação de rações. O Mapa já sinalizou que revisará suas diretrizes, visando maior segurança na cadeia produtiva.

Palavras-chave principais: ração contaminada, cavalos mortos, monocrotalina, Nutratta, Ministério da Agricultura
Palavras-chave de cauda longa: contaminação de ração equina, morte de cavalos 2025, toxina em ração animal, crise no setor equestre, falha em controle de qualidade

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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