Enquanto aguardam um possível cessar-fogo, os quase dois milhões de habitantes do enclave palestino, bombardeado diariamente, sobrevivem em condições cada vez mais difíceis. A desnutrição e o saneamento precário estão causando uma explosão de casos de meningite entre crianças e os médicos lutam para lidar com a situação, já que os hospitais carecem de tudo.
Enquanto aguardam um possível cessar-fogo, os quase dois milhões de habitantes do enclave palestino, bombardeado diariamente, sobrevivem em condições cada vez mais difíceis. A desnutrição e o saneamento precário estão causando uma explosão de casos de meningite entre crianças e os médicos lutam para lidar com a situação, já que os hospitais carecem de tudo.
Rami El Meghari, da Faixa de Gaza, com a enviada especial a Jerusalém da RFI, Justine Fontaine
No Hospital Infantil al-Rantissi, na Cidade de Gaza, Kamel, de 5 anos, luta contra a meningite. Sua casa foi destruída e, agora, ele vive em uma barraca com sua mãe, Nariman Barakat.
“Não temos acesso a serviços básicos aqui. Há esgoto ao redor da nossa barraca. […] Não posso impedi-lo de sair para brincar. Mesmo que eu o proíba, ele ainda quer brincar”, diz.
A meningite, seja viral ou bacteriana, pode ser fatal. A doença causa fortes dores de cabeça, náuseas, vômitos e, nos casos mais graves, pode levar a lesões no sistema nervoso.
Suas causas incluem higiene precária e desnutrição. O médico Warsh Agha se sente impotente. “Não temos medicamentos ou fórmulas infantis suficientes”, lamenta. “Fazemos um apelo à comunidade internacional para que possamos recuperar o acesso a equipamentos médicos, combustível e alimentos, essenciais para a imunidade das crianças”, diz.
Ajuda humanitária suspensa
A ajuda humanitária foi quase totalmente bloqueada pelo exército israelense desde março. Israel está permitindo apenas a entrada de uma pequena quantidade de alimentos, distribuídos pela controversa Fundação Humanitária de Gaza.
Yasmeen Misleh mora em uma barraca perto do hospital. Ela teme pela saúde de seus quatro filhos. “Eles estão sempre cobertos de poeira. Não temos acesso a produtos de higiene. Os centros de ajuda alimentar nunca têm nada para nos dar e mal temos um pouco de água para beber. Até para lavar roupa, falta água”, relata.
Médicos do Hospital al-Rantissi de Gaza estimam que haja entre 300 e 400 casos de meningite no território neste momento. Em comparação, antes da guerra, eram apenas cerca de vinte por ano.