ESO/P. Das et al. Background sta
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Astrônomos que estudam o céu noturno a partir do Hemisfério Sul descobriram uma supernova — a poderosa explosão de uma estrela — que parece ter detonado duas vezes. A descoberta inédita da supernova de dupla detonação surge enquanto duas outras explosões menores, chamadas de novas, fizeram com que estrelas se tornassem visíveis a olho nu.
Uma supernova, segundo a Nasa, é uma explosão extremamente brilhante e poderosa de uma estrela. Os astrônomos identificaram o raro acontecimento ao estudar uma “bolha cósmica” — conhecida como remanescente de supernova — chamada SNR 0509-67.5. Ela tem 23 anos-luz de diâmetro e está se expandindo a mais de 18 milhões de quilômetros por hora. A estrutura já havia sido registrada anteriormente pelo Telescópio Espacial Hubble, da Nasa.
A SNR 0509-67.5 está localizada na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã que orbita a Via Láctea a cerca de 160 mil anos-luz de distância, na constelação de Dourado. Trata-se de uma supernova do tipo Ia, conhecida por produzir ferro na Terra — inclusive no sangue humano. Compreender essas explosões de anãs brancas é fundamental para os astrônomos, que as utilizam como referência para medir distâncias no espaço.
Como uma Supernova Explodiu Duas Vezes?
A SNR 0509-67.5 é uma supernova do tipo Ia, resultado da interação entre duas estrelas em órbita mútua. Uma delas, uma anã branca — o núcleo denso de uma estrela semelhante ao Sol que já morreu — suga matéria da outra estrela até que ocorre uma explosão termonuclear. A nova descoberta da dupla detonação reforça a teoria de que, em pelo menos alguns casos de supernovas tipo Ia, a anã branca pode estar coberta por uma bolha de hélio que, ao se inflamar, gera uma onda de choque que desencadeia uma segunda detonação no núcleo da estrela.
Astrônomos previram que, se uma dupla detonação tivesse ocorrido, o remanescente da supernova conteria duas conchas distintas de cálcio. E foi exatamente isso que se observou com o uso do Very Large Telescope, do Observatório Europeu do Sul, no Chile. A descoberta foi publicada hoje na revista Nature Astronomy.
Hubble Observa Uma Supernova
No início deste ano, o Telescópio Espacial Hubble, da Nasa, registrou uma supernova a cerca de 600 milhões de anos-luz de distância, na constelação de Gêmeos. Visível como um ponto azul no centro da imagem acima, a supernova SN 2022aajn também é do tipo Ia. Justamente esse tipo de supernova é especialmente útil para os astrônomos, pois todas têm a mesma luminosidade intrínseca. Isso significa que podem ser usadas como marcadores para medir a distância de galáxias distantes.
Contexto
Embora pertençam à categoria de explosões menores conhecidas como novas, duas estrelas em explosão estão atualmente visíveis no céu noturno. V572 Velorum, na constelação de Vela, e V462 Lupi, na constelação de Lobo — ambas visíveis apenas do Hemisfério Sul — estão brilhando atualmente milhões de vezes mais do que o normal.
Ainda este ano ou no próximo, se as previsões estiverem corretas, uma estrela no Hemisfério Norte chamada T Coronae Borealis (T CrB, também conhecida como “Estrela em Chamas”), na constelação da Coroa Boreal, deve explodir e se tornar visível a olho nu por algumas noites. Esse sistema estelar, a cerca de 3 mil anos-luz de distância, é uma nova recorrente, o que significa que passa por erupções previsíveis. A última vez que T CrB brilhou de forma notável foi em 1946.