REDAÇÃO G5
Depois da repercussão negativa que suspendeu a tentativa de gastar quase R$ 300 mil com iPhones de última geração, a Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia encontrou uma nova forma de manter o luxo. Mesmo com as recomendações negativas do Ministério Público de Goiás (MPGO), o presidente Gilsão Meu Povo (MDB) firmou, silenciosamente, um contrato com a TIM S/A para o fornecimento de 31 linhas de celular com aparelhos em comodato, incluindo 25 iPhones e 6 Androids ao custo de R$ 215 mil dos cofres públicos.
O contrato, autorizado por Gilsão, foi assinado em 20 de junho e terá vigência de 30 meses, tempo suficiente para manter cada parlamentar e setores ligados à Câmara usando celulares de ponta, com internet generosa de até 40 GB por linha, além de ligações ilimitadas.
Luxo disfarçado de “praticidade”
A nova manobra da Câmara foi possível graças a uma adesão à Ata de Registro de Preços (ARP nº 3/2025). Na justificativa, o Legislativo defende que o comodato “elimina custos indiretos”, como manutenção ou troca por obsolescência. Mesmo alugando os aparelhos ao invés de comprar, o valor continua elevado, enquanto serviços essenciais na cidade sofrem por falta de verba.
Não à toa, o escândalo do início do ano, quando tentaram adquirir 25 iPhones 16 Pro Max, teve de ser barrado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) justamente por não haver qualquer justificativa técnica convincente para a compra de celulares de luxo. Agora, trocou-se a compra direta por um aluguel disfarçado de “mais econômico”.
Veja os números
25 iPhones (iOS 16 ou superior): R$ 219,80 por mês cada, totalizando R$ 164.850 no período.
6 Androids (Android 13 ou superior): R$ 278,32 por mês cada, totalizando R$ 50.097,60 no período.
Valor global: R$ 214.197,60 pagos à TIM S/A.
Internet: até 40 GB por linha e ligações ilimitadas.
Nem a justificativa de uso “exclusivamente institucional” convence parte da população. Afinal, por que cada vereador e setor da Câmara precisam de um celular de alto padrão, e por que quase todos optaram por iPhone, mesmo sem “imposição de marca”?
A manobra deixa claro que, mesmo após ser questionada pelo MP-GO, a Câmara preferiu contornar a polêmica sem abrir mão do gasto elevado. Em vez de rever a real necessidade, optou-se por mascarar o mesmo privilégio com outra roupagem. A manovra pe vista como uma tentativa de manter privilégios por vias indiretas, ignorando o recado claro dado pelo Ministério Público: o dinheiro público não é para ostentação.