EUA revelam operação militar secreta contra o Irã
O governo dos Estados Unidos divulgou, nesta quinta-feira (26), informações sobre um ataque militar secreto que destruiu três instalações nucleares do Irã em 21 de junho. Esta operação, que foi mantida em sigilo por 15 anos, foi revelada após questionamentos sobre a efetividade de ações anteriores. O ataque, ordenado pelo ex-presidente Donald Trump, utilizou 14 bombas do tipo Massive Ordnance Penetrator (GBU-57), cada uma pesando cerca de 13,6 mil quilos. As principais instalações atacadas foram as usinas de Fordo, Natanz e Esfahan.
De acordo com o general Dan Caine, presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA, a missão teve início em 2009, quando analistas da Agência de Redução de Ameaças à Defesa foram levados a uma instalação secreta e receberam informações confidenciais sobre uma construção nas montanhas do Irã. Desde então, dedicaram anos ao estudo das características do solo, clima e estrutura da instalação de Fordo, com atenção especial aos dutos de ventilação e redes elétricas. O general Caine relatou: “Eles literalmente sonhavam com esse alvo enquanto dormiam”.
Para assegurar a destruição do centro nuclear, foi necessário desenvolver uma bomba capaz de penetrar camadas de rocha e concreto. A GBU-57 foi projetada especificamente para esta ação, com suporte da indústria militar dentro de um projeto extremamente sigiloso. Durante a operação, 12 das 14 bombas foram lançadas sobre Fordo, com seis dirigidas a cada duto de ventilação. As primeiras bombas quebraram as tampas de concreto, e as subsequentes atingiram o interior das instalações com precisão, conforme relatou o Pentágono.
Segundo Caine, os danos causados foram resultado de uma combinação de explosão e sobrepressão que percorreu os túneis da instalação, comprometendo componentes críticos. Pilotos que acompanharam os bombardeiros relataram que, após o primeiro impacto, “parecia que o dia tinha amanhecido”, em alusão ao brilho intenso da explosão. Cada bomba foi programada para detonar em diferentes profundidades, e uma delas funcionava como reserva caso as anteriores falhassem.
Autoridades americanas, incluindo o presidente Trump, afirmam que o ataque “obliterou” as capacidades nucleares do Irã. Trump destacou: “Foi um dano monumental. A maior destruição aconteceu em profundidades muito abaixo da superfície. Foi um tiro no alvo!” O secretário de Defesa, Pete Hegseth, afirmou que os explosivos atingiram os locais corretos: “Foi devastação sob Fordo. Qualquer avaliação que indique o contrário está motivada por outros interesses”.
A primeira avaliação da Agência de Inteligência de Defesa (DIA) indicou que o programa nuclear iraniano foi atrasado por meses, mas o governo alegou que essa análise não refletia toda a comunidade de inteligência e foi considerada de “baixa confiança”. Hegseth apresentou novos dados apontando que o programa foi retardado por “anos”.
Rafael Grossi, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, ressaltou que as centrífugas foram totalmente destruídas: “Dada a potência dos dispositivos usados e a sensibilidade das centrífugas às vibrações, elas não podem mais operar”. O diretor da CIA, John Ratcliffe, comentou que fontes confiáveis indicam que várias instalações precisariam ser reconstruídas “do zero”. Tulsi Gabbard, diretora da Inteligência Nacional, complementou: “O Irã terá que reconstruir todas as três instalações, o que levará anos”.
A Comissão de Energia Atômica de Israel declarou que Fordo se tornou inoperante e, combinando isso com ataques a outras estruturas, os bombardamentos atrasaram significativamente o projeto nuclear iraniano. O general Eyal Zamir, chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, reiterou: “Atrasamos o programa por anos, eu repito: anos”. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmaeil Baghaei, reconheceu os danos, afirmando: “Nossas instalações nucleares foram gravemente danificadas, isso é certo”.
Dois dias após o ataque, o Irã lançou mísseis contra a base americana de Al-Udeid, no Catar. Antecipando essa ação, os EUA esvaziaram parte da instalação, deixando 44 soldados responsáveis pela defesa, apoiados por duas baterias do sistema de mísseis Patriot. O militar mais velho entre os remanescentes tinha apenas 28 anos. Segundo Caine, o grupo enfrentou condições extremas e permaneceu atento às transmissões que indicavam o início da ofensiva. Quando os mísseis iranianos foram lançados, os soldados dispararam repetidamente os Patriots, o que foi classificado como “o maior engajamento com Patriot da história militar americana”. As forças armadas do Catar também participaram da defesa.
Além de Fordo, os EUA confirmaram o uso de mísseis de cruzeiro em Esfahan, visando estruturas ligadas ao processo de conversão de urânio e túneis de armazenamento de material enriquecido. Em Natanz, a planta de enriquecimento de combustível foi atacada com munições penetrantes. Especialistas do Instituto para a Ciência e Segurança Internacional afirmaram que o programa de centrífugas iraniano foi severamente comprometido e poderá levar anos para se recuperar. Spencer Faragasso, um pesquisador do instituto, apontou que “é possível que o Irã demore muito tempo para recuperar as capacidades perdidas”. A Fundação para Defesa das Democracias também avaliou que o impacto das 12 bombas sobre Fordo provavelmente danificou ou inutilizou todas as centrífugas ali presentes. O presidente do instituto, David Albright, concluiu: “O Irã não pode mais fabricar centrífugas nem processar o equivalente do gás necessário. O programa foi severamente danificado”.
O general Caine detalhou que mais de 125 aeronaves participaram da ofensiva, incluindo bombardeiros furtivos B-2, caças de quarta e quinta geração, aviões de reabastecimento aéreo, um submarino com mísseis guiados e uma série de equipamentos de inteligência e reconhecimento. “Foi uma missão histórica, com execução impecável por centenas de profissionais envolvidos”, afirmou Caine. O enviado especial, Steve Witkoff, confirmou o sucesso da missão, afirmando: “Não há dúvidas de que Fordo foi destruída. Qualquer relato em sentido contrário é absurdo”. O vice-presidente JD Vance ratificou: “O objetivo era destruir o centro nuclear de Fordo, e estamos confiantes de que foi atingido”.