Explosões de pistas, bloqueios e ocupações forçam rendição de garimpeiros e representam nova fase no combate à mineração ilegal em Roraima.

 

Com explosões controladas, bloqueios em vicinais e ações simultâneas por terra, ar e água, a Operação Asfixia avança no sufocamento da estrutura logística do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (TIY), em Roraima. Coordenada pela Casa de Governo em parceria com forças federais, a ofensiva representa um marco no controle territorial e ambiental da região, que há décadas sofre com a atividade mineradora ilegal.

A ação começou oficialmente no dia 9 de junho, com a destruição da pista clandestina no garimpo do Mucuim, realizada pelo Comando Conjunto Catrimani II. Desde então, a operação se intensificou com ocupações, patrulhamentos e o desmonte das rotas usadas para abastecer os garimpos. Dois eixos foram estabelecidos: um dentro da TIY e outro em seu entorno, com foco em estradas vicinais usadas para transporte de combustível, alimentos e equipamentos.

No dia 17 de junho, uma base operacional foi montada no garimpo do Rangel, ponto estratégico às margens do rio Couto Magalhães. A presença contínua das forças de segurança – Exército, Força Nacional, Funai e Ibama – levou vários garimpeiros à rendição voluntária. Helicópteros, quadriciclos e embarcações passaram a percorrer diariamente trilhas, rios e clareiras da floresta, tornando impossível a manutenção da logística ilegal.

Além do Rangel, pistas clandestinas em outros pontos também foram destruídas. No mesmo dia 17, o Comando Conjunto inutilizou a pista do Noronha, no rio Uraricoera, onde também foram apreendidos sacos de cassiterita e uma aeronave com prefixo adulterado. No dia 23, o Ibama detonou a chamada “Pista do Japão”, com 800 metros de extensão, localizada em Samaúma, fora da TIY.

Operação Asfixia desmantela rede do garimpo ilegal e força rendição em Roraima
Com explosões de pistas e bloqueios em vicinais, Operação Asfixia reduz garimpo ilegal em 96% e obriga rendição de invasores.

Ações em terra e água miram apoio logístico ao garimpo

As ações se estenderam às vicinais e aos rios que cercam a TIY. Barreiras foram instaladas nas estradas de Samaúma, Campos Novos e Roxinho, com apoio da ANTT, ANP, PRF e Força Nacional. Em Samaúma, uma residência usada como ponto de estocagem de combustível foi flagrada com galões armazenados ilegalmente. Moradores relataram pousos de aviões garimpeiros nas vicinais antes das operações.

Em patrulhamento fluvial no rio Apiaú, um acampamento ativo foi destruído, com apreensão de combustível e itens de apoio à atividade garimpeira. No mesmo dia, dois garimpeiros se apresentaram à PRF e foram encaminhados à Polícia Federal em Boa Vista, somando-se a uma série de rendições desde a ocupação do garimpo do Rangel.

Cassiterita chega à cidade e operação chega à zona urbana

A repressão também chegou à capital. Em operação conjunta, agentes federais apreenderam 620 quilos de cassiterita extraída da TIY, escondidos no quintal de uma casa em Boa Vista. Dois homens tentaram fugir e confessaram a origem do material, além de indicar que a extração ocorreu às margens do rio Uraricoera.

Também foram apreendidos um caminhonete, balança digital e equipamentos de navegação (GPS), evidenciando a conexão direta entre os garimpos e a cidade.

Resgate humanitário e sinais de abandono

No dia 22 de junho, um garimpeiro ferido foi resgatado no garimpo do Rangel por agentes da Força Nacional e da Funai. Ele relatou ter sido atacado por um “gerente” do acampamento após desentendimento sobre divisão de ouro, e passou cinco dias sozinho até pedir socorro.

Com o avanço da operação, acampamentos foram abandonados, pistas deixaram de ser usadas e aeronaves clandestinas pararam de sobrevoar a região. Oficinas e casas de apoio também foram desmobilizadas, em alguns casos com vestígios de fuga recente.

Operação reduz em 96% áreas de garimpo, segundo Censipam

De acordo com o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), a ação coordenada resultou em uma redução de 96% nas áreas de garimpo ilegal dentro da Terra Yanomami. A estratégia de sufocamento se mostra eficaz não apenas na repressão direta, mas na sinalização de uma política pública permanente de controle territorial.

A operação segue ativa para erradicar os últimos focos remanescentes, especialmente em áreas de difícil acesso, onde estruturas escondidas ainda resistem. Segundo autoridades, manter a pressão é essencial para evitar o retorno dos grupos ilegais e consolidar a retomada do território.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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