Uma das histórias reais mais curiosas já ocorridas em um transatlântico de luxo virou um caos, totalmente bizarro e inédito.


 


Em dado momento um dos passageiros que pagou pelo pacote turístico reclama irritado em alto e bom tom:


 


“Me recuso a cagar num saco plástico vermelho!”


 


É isso que relata um documentário com o título “Desastre total: Cruzeiro do cocô”, a mais nova adição do catálogo da Netflix, que chegou na terça-feira (24). Dirigido por James Ross, esse doc integra o pacote de antologia documental de histórias reais bizarras intitulado “Trainwreck”. 


 


 


A história não ganhou tanta repercussão no Brasil, porém foi uma bomba na mídia norte americana – um escândalo que ganhou espaço e se tornou uma das maiores audiências e de grande repercussão da rede de notícias da CNN. 


 


O caos aconteceu no navio “Carnival Triumph”, no dia 10 de fevereiro de 2013, durante um cruzeiro de quatro noites, com saída de Galveston, cidade do Texas, nos Estados Unidos, e uma parada na ilha paradisíaca e Cozumel, no México. 


 


O documentário conta com muitas imagens – vídeos – de celulares dos passageiros que fizeram parte desse cruzeiro e depoimentos – alguns bem curiosos e engraçados, até emocionados -, entre eles do pai que deu presente para a filha – então adolescente – a viagem; de um trio de amigas que foi comemorar a despedida de solteira de uma delas; um cozinheiro indiano e de parentes das “vítimas” e, o mais surreal, de uma das comandantes do navio que narra o incidente pelo ponto de vista da empresa responsável.


 


 


Vale ressaltar que ninguém ficou ferido ou ocorreram mortes, mas foi uma tragédia de proporções inimagináveis para uma viagem que iniciou como um sonho e terminou de forma horrível, que nem nos piores pesadelos poderia se imaginar. 


 


O cruzeiro, muito procurado e uma das maiores atrações turísticas da região pelo poder de luxo, conforto e a estrutura imensa do navio, nessa viagem contava com mais de 4 mil pessoas a bordo – entre tripulantes e passageiros – e as imagens mostram que a estrutura era de grandes proporções, com um salão com direito a lustres de cristais, comida a vontade servida em bufês variados, um espaço para cassino, decks gigantescos, piscinas, extensos espaços de diversão e uma cozinha monstra.


 


No terceiro dia do cruzeiro, quando o Carnival Triumph estava retornando da ilha, já na parte final do seu pacote turístico, durante a madrugada passageiros perceberam uma fumaça intensa saindo de uma das estruturas de suporte do navio e ficaram assustados. Porém, a comandante responsável, amenizou a situação evitando o pânico. 


 


Em determinado momento, de acordo com os depoimentos e imagens dos passageiros gravados por celular, ainda nessa madrugada a energia do navio cessou, acabou. Uma pane geral ocorreu em toda a estrutura da embarcação. Consequência da fumaça que foi vista pelos passageiros, que tem uma explicação mecânica e estrutural incomum. 


 


O resultado da falta de energia afetou o sistema de refrigeração – ar condicionados -, iluminação e, para piorar, até o sistema de esgoto de bordo também parou de funcionar, por conta dos vasos sanitários, cujo sistema de descarga era elétrico e foi desativado.


 


A administração interna se viu diante de um transtorno inconcebível, ou seja, para evitar que houvesse um colapso no uso dos banheiros – imprestáveis naquele momento – decidiu que o número 1 (fazer xixi), as pessoas poderiam fazer direto no mar nos decks de acesso e o número 2 (fazer cocô) utilizariam um saco vermelho para emergência, amarrar e deixar no corredor onde estava a sua cabine – que depois seria recolhido. 


 


Agora, comunicar essa ação para mais de 4 mil pessoas dentro de um navio à deriva, sem iluminação, sem o conforto de antes, pois sem o ar condicionado as cabines ficaram insuportáveis por conta do calor. Os celulares, todos, não tinham sinais nem para uma ligação externa. 


 


Como fazer que um grupo gigantesco de passageiros acate uma ordem dessa de usar um saco plástico como suporte para as fezes? Muito recusaram fazer isso.


 


O navio não tinha rádio para se comunicar, até que o capitão da nau utilizou um telefone de comunicação via satélite para avisar a empresa responsável pelo transatlântico o que estava acontecendo. O Carnival Triumph estava à deriva no mar, sem energia nenhuma, e uma falha acabou causando um incêndio em um dos motores que destruiu qualquer possibilidade da embarcação em se mover – a não ser pelas ondas do mar.


 


 


O documentário mostra que tanto a empresa quanto a comandante responsável pela organização dentro do navio amenizaram a situação para os parentes dos passageiros que perceberam que o navio não atracou no porto dentro da data do pacote turístico. 


 


Algumas pessoas procuraram a mídia – TVs e jornais – para falar que o navio não dava notícias sobre o atraso e que poderia ter ocorrido algo grave. A rede de notícias CNN foi a primeira a se interessar pelo caso, mas não deu tanta importância, pois as informações oficiais da empresa era que tinha tido uma pane em um dos motores, mas que o navio estava sendo trazido por rebocadores.


 


Ok? Nem tanto.


 


Um outro transatlântico, do mesmo porte do Carnival, acabou cruzando em alto mar. Não podendo ajudar no resgate, pois também estava lotado, no entanto os passageiros da nau desgraçada conseguiram captar o sinal do wi fi de seus celulares por alguns momentos. O tempo suficiente para muitos ligarem para os seus parentes e informar a confusão que ocorria dentro do navio. 


 


A desgraça que estava ocorrendo e durou mais alguns dias era o painel do caos instalado e que estava tomando proporções assustadoras. 


 


A principal delas era que depois de dias à deriva, os ralos dos banheiros das cabines estavam entupidos, pois como muitos passageiros se recusaram a utilizar o saco vermelho para depositar o cocô, ainda estavam utilizando os vasos sanitários entupidos. O resultato é que esse acúmulo acabou fazendo com que as fezes subissem pelos canos, inundando os corredores, e com isso a merda liqueifeita – misturada com a urina – ficou pingando do teto e formando poças por todos os lados.


 


Esses parentes quando receberam as informações da verdade que ocorria no cruzeiro, alertou a imprensa sobre a situação caótica. A CNN tomou como pauta principal e foi atrás da história, inclusive enviando hélicóptero e mantendo uma equipe de plantão para acompanhar os fatos em torno do “cruzeiro do cocô”, como foi batizada a viagem.


 


Muitas outras coisas bizarras depois desse evento do vazamento de esgoto passaram a acontecer dentro do navio – só vendo o doc para crer. 


 


E mostra como os ricos  acabaram se transformando em suas atitudes quando precisaram montar acampamento de colchões e lençóis nos decks e corredores mais limpos. A visão é de um gigantesco acampamento – quase uma favela de pano e amontoado de gente -, pois o interior do navio estava insuportável.


 


 


A progressão desses dias de terror prosseguiram por um tempo que acabou afetando até mesmo os alimentos – com perda considerável por conta dos perecíveis que estragaram. 


 


Lembrem, são mais de 4 mil pessoas sujeitas a condições mínimas, com escatologia e acontecimentos inesperados que estava sendo enganadas pela empresa sobre a vinda dos rebocadores, que só chegaram após dias. 


 


Assista, pois o “cruzeiro do cocô” tem uma abordagem até leve na sua estrutura narrativa, nada extraordinária, porém com uma história tão real (e surreal) dessa e os depoimentos das pessoas que viveram essa aventura ganha uma conotação de humor involuntário. 

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *