Sirenas, ruas vazias, cafés fechados e uma população inteira abrigada debaixo de pedras centenárias. Assim amanheceu Jerusalém num domingo que já entrou para a história recente do Oriente Médio. Entre manobras de Trump, mísseis Shahab-5 e drones Shahed, Israel e Irã elevam o risco de um conflito regional de grandes proporções. Veja o que se sabe até agora.
A madrugada que congelou Jerusalém
No início da manhã, por volta das 07h42, alarmes soaram em todo o centro histórico, nos portões da Cidade Velha e nos bairros residenciais. Em segundos, o transporte público parou e motoristas abandonaram carros para se abrigar nos túneis do bonde. No famoso hotel King David, hóspedes se refugiaram nos porões enquanto explosões faziam o chão tremer. Em dez minutos, entre 20 e 30 mísseis foram lançados do noroeste iraniano, segundo o Exército de Israel. Muitos foram interceptados pela Cúpula de Ferro, mas alguns atingiram áreas abertas próximas a Jerusalém e Tel Aviv, causando incêndios em fazendas e indústrias.
Mísseis de longo alcance e drones kamikaz
De acordo com a inteligência israelense, o ataque partiu de plataformas móveis e silos perto de Tabriz, utilizando mísseis Shahab-5 e Kheibar-6, capazes de carregar ogivas de até 1 tonelada. Dois drones suicidas foram derrubados sobre o Vale do Jordão antes de atingirem alvos civis. Teerã classificou a ofensiva como “resposta proporcional” ao bombardeio de bombardeiros B-2 dos EUA contra instalações nucleares iranianas. Para analistas, a operação indica coordenação mínima entre Israel e Washington, mas reflete a Operação Leão Ascendente, ação secreta israelense para reduzir a capacidade balística iraniana.

Refúgios lotados e rotina em suspenso
Acostumados com foguetes de Gaza e ataques de milícias libanesas, os israelenses enfrentam agora mísseis de longo alcance. O governo abriu mais de 700 abrigos públicos, e aplicativos informam rotas e tempo médio — apenas 90 segundos — para encontrar proteção. Hospitais improvisados em estacionamentos subterrâneos atendem feridos por estilhaços e queimaduras. Psicólogos alertam para o aumento de casos de trauma, principalmente entre crianças. Enquanto isso, comunidades se unem em abrigos, compartilhando comida, histórias e músicas para aliviar o medo entre explosões.
Escalada sem sinal de trégua
Teerã ameaça retaliar ainda mais caso novas incursões americanas ocorram. A Casa Branca, por sua vez, mantém silêncio sobre planos de conter a escalada. O temor é que aliados iranianos como Hezbollah e as milícias houthis abram novas frentes, testando os limites do escudo antimísseis israelense. Para Jerusalém, o domingo de 30 mísseis é apenas o começo de uma semana imprevisível.