O secretário-geral da ONU, António Guterres, lançou esta segunda-feira um forte apelo à proteção dos oceanos, alertando que o fundo do mar “não pode tornar-se num Velho Oeste”, marcado pela exploração desenfreada. A declaração foi feita na abertura da terceira Cimeira dos Oceanos da ONU, a decorrer em Nice, França, onde o líder das Nações Unidas defendeu uma mudança de rumo urgente na forma como os recursos marinhos são geridos.
Guterres sublinhou que “sem um oceano saudável, não pode haver um planeta saudável”, apontando o colapso de stocks de peixe, a poluição por plásticos e os efeitos das alterações climáticas — como a acidificação e o aquecimento das águas — como ameaças reais à biodiversidade.
Defendeu ainda a criação de um tratado global juridicamente vinculativo para combater a poluição por plástico e reforçou o apelo à ratificação célere do Acordo sobre a Biodiversidade Marinha em Águas Internacionais.
O dirigente das Nações Unidas alertou para a situação dos pequenos Estados insulares, particularmente vulneráveis à subida do nível do mar, e para a falta de financiamento crónica do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14, dedicado à vida marinha. Por outro lado, apelou ainda a um reforço de fundos públicos, apoio dos bancos de desenvolvimento e novas formas de mobilizar investimento privado.
A cimeira, organizada pela França e pela Costa Rica, decorre até 13 de junho e reúne líderes mundiais, cientistas, ONGs e representantes da sociedade civil.
Portugal marca presença com o primeiro-ministro e vários membros do Governo, numa participação que, segundo o executivo, demonstra o compromisso nacional com a conservação marinha e a economia azul.