A Polícia Judiciária (PJ) deteve, na zona de Águeda, um homem de 41 anos, que será o mentor de um grupo criminoso ligado à extrema direita, também responsável pelo assalto a uma caixa multibanco (ATM) com recurso a explosão, no posto de combustíveis da Galp de Quintãs, Aveiro.
O crime foi praticado nos inícios de agosto de 2023. Há outros dois assaltos, com o mesmo “modus operandi”, registados no concelho de Mortágua, todavia a PJ ainda não tem elementos de prova que associem este grupo a estas duas situações, embora também aqui o assalto tenha sido perpetrado com recurso a explosão.
Em causa está uma técnica muito “sui generis”, com o uso de gás acetileno, que exige uma grande precisão e conhecimento, sob pena de, ao invés de abrir a caixa multibanco, a explosão provocar a sua total destruição e também do dinheiro que contém.
Um dado que, esclarece fonte da Diretoria do Centro da PJ, responsável pela investigação, se revelou fundamental para uma «investigação complexa» e prolongada no tempo, uma vez que não são muitas as pessoas com o “know how” necessário para concluir uma operação desta natureza com sucesso.
Um deles, aliás, o especialista, será o suspeito que agora foi detido, um homem já com antecedentes pelo mesmo tipo de crime. Inclusivamente, cumpriu uma pena efetiva de nove anos de prisão. Escassos meses depois da libertação, estava de regresso ao mundo do crime.
Um crime violento, milimetricamente preparado, refere a PJ, pois além da técnica apurada que requer, no sentido de conseguir que a explosão tenha a “potência” certa, exige uma logística complexa – nomeadamente botijas de gás acetileno, baterias e cabos – e uma coordenação perfeita entre os intervenientes, seja na preparação, seja posteriormente, na recolha dos proventos. Foram três, de acordo com a PJ, os envolvidos no assalto de Quintãs, praticado durante a madrugada, com recurso a viaturas furtadas e com matrículas falsas. «Não deixaram muitas pistas», faz notar a PJ, mas ficou um prejuízo de 14 mil euros, na estrutura da ATM.
No dia 29 de abril, a PJ deteve o primeiro elemento do grupo, um homem de 36 anos, residente na zona de Aveiro. Entretanto, foi detido um segundo elemento, igualmente de Aveiro, com 30 anos, que, ironicamente, foi detido por condução sem a necessária habilitação legal e está detido na Covilhã.
A detenção do cabecilha do grupo verificou-se na terça-feira, no cumprimento de dois mandados de busca domiciliária, emitidos pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Aveiro, que levaram os investigadores da PJ a Aveiro e a Águeda. O suspeito foi ontem presente a tribunal, para primeiro interrogatório judicial e as medidas de coação deverão ser conhecidas no dia de hoje.
A PJ continua as investigações, no sentido de apurar o possível envolvimento deste trio noutro tipo de crimes, particularmente nos assaltos às caixas ATM na freguesia de Tourigo, em dezembro do ano passado e, antes, em outubro, na Marmeleira, ambas no concelho de Mortágua.
Suspeito associado à extrema direita
Além de exímio a provocar explosões e cabecilha de um gang, o detido é, de acordo com a PJ, ativista do grupo de extrema direita 1143. Em causa está um grupo neonazi, criado por Mário Machado (preso na cadeia de Alcoentre, a cumprir pena pelos crimes de incitamento ao ódio e à violência), que se disseminou por todo o território nacional, com a criação de várias células. Já com cadastro, o detido está agora indiciado pelos crimes de falsificação de documentos e furto qualificado com recurso a explosão.