A China adotou um novo padrão nacional de segurança para baterias de veículos elétricos (EVs). A medida, anunciada pelo Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação, determina que, mesmo em casos de superaquecimento interno, as baterias devem evitar incêndios e explosões. Os fabricantes terão até 1º de julho de 2026 para se adequar à nova norma.
Medo persistente, mas dados contradizem
Apesar das estatísticas apontarem que carros elétricos pegam fogo com menos frequência do que veículos a combustão, o medo persiste.
Isso acontece porque, quando ocorre, o incêndio geralmente começa na bateria de íon-lítio, um componente altamente inflamável.
O problema se agrava porque, ao superaquecer, a célula da bateria libera eletrólito inflamável.
O fogo se mantém de forma autossustentável, já que a reação química também gera oxigênio. Por isso, apagar um incêndio desse tipo é extremamente difícil.
Nem água resolve incêndios de baterias de veículos elétricos
A água ou outros retardadores de chama não são suficientes para apagar as chamas. Mesmo submersa, uma bateria de íon-lítio pode continuar queimando.
O método mais eficaz para conter esse tipo de incêndio é resfriar o conjunto da bateria. Isso evita que o calor se espalhe para outras células.
Grandes quantidades de água ou tanques especiais são usados não para apagar o fogo, mas para conter o superaquecimento.
O incêndio só cessa quando todos os componentes inflamáveis da célula em chamas são consumidos, sem afetar as células vizinhas. Isso mostra que a chave para prevenir incêndios está em isolar termicamente as células.
Mudança central na nova regra
O novo padrão chinês se baseia exatamente nesse princípio. A principal novidade é a exigência de que as baterias resistam à propagação térmica.
Antes, a regulamentação exigia apenas que o sistema alertasse o motorista cinco minutos antes de uma possível explosão ou incêndio.
Agora, os fabricantes terão que provar que suas baterias não pegam fogo, mesmo em caso de superaquecimento interno.
Além disso, será necessário garantir que os gases liberados nesse tipo de evento não sejam prejudiciais para quem está dentro do veículo.
Testes mais rigorosos
A norma também impõe novos testes práticos. Um deles é o teste de impacto na parte inferior da bateria, simulando colisões em que a parte de baixo do veículo é atingida. Outro avalia o desempenho das baterias em ciclos de recarga rápida.
Nesse segundo caso, a bateria deve passar por 300 ciclos de recarga rápida. Em seguida, será submetida a um teste de curto-circuito. A bateria só será aprovada se não explodir nem pegar fogo durante esse processo.
Esses testes visam garantir que as baterias não representem riscos mesmo em situações extremas, como colisões ou falhas no sistema de recarga. A intenção é aumentar a segurança dos ocupantes do carro em casos de acidente.
Incêndio mortal e impacto na indústria
A nova exigência parece ter sido motivada por um acidente recente. Um Xiaomi SU7 colidiu com uma barreira em uma rodovia e pegou fogo.
Três estudantes universitários morreram no local. O episódio reacendeu o debate sobre os riscos de incêndios em EVs e a proteção oferecida pelas baterias.
Além da questão de segurança, a nova norma deve provocar mudanças na indústria chinesa. O custo de pesquisa, desenvolvimento e fabricação de baterias tende a aumentar. Isso pode levar à consolidação do setor, com empresas menores sendo forçadas a se fundir ou deixar o mercado.
Tecnologia já em uso
A fabricante CATL elogiou a nova regulamentação e afirmou que já possui tecnologias compatíveis. Segundo a empresa, a primeira geração de sua tecnologia “No Thermal Propagation” (sem propagação térmica) está presente em baterias produzidas desde 2020.
Com a entrada em vigor do novo padrão, a expectativa é que veículos elétricos na China se tornem ainda mais seguros.
A exigência de contenção de propagação térmica representa um marco importante na evolução dos sistemas de proteção das baterias.
Com informações de CarNewsChina.