A farmacêutica Novo Nordisk vai investir R$ 6,4 bilhões na expansão de sua fábrica em Montes Claros (MG), até 2028, para ampliar a capacidade de produção das enzimas utilizadas no tratamento de diabetes e obesidade. O investimento, maior da história da Novo Nordisk no Brasil e advindo do caixa da companhia, foi anunciado nesta segunda-feira (7).
O evento contou com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, dentre outras autoridades do governo federal, além de governantes locais e representantes da categoria de trabalhadores da indústria química.
A companhia dinamarquesa já produz em Montes Claros componentes de insulina e dos chamados análogos do GLP-1, categoria das canetas injetáveis Ozempic, Wegovy e Saxenda. A companhia não confirmou qual deve ser o impacto no volume de produção, mas o planejamento prevê que as obras — que foram iniciada neste ano— dobrem o tamanho das instalações fabris atuais, para 74 mil metros quadrados.
A vice-presidente corporativa da afiliada Novo Nordisk no Brasil, Isabella Wanderley, afirmou em entrevista ao Valor que a fábrica mineira é estratégica por atender o mercado interno e exportar parte do volume produzido para 70 países. De acordo com a executiva, cerca de 25% das exportações de medicamentos do Brasil são advindos da Novo Nordisk, o que representa um impacto relevante na balança comercial brasileira.
“Quando olhamos para o desenvolvimento dos produtos inovadores como estratégia da Novo, a gente precisa incluir a fábrica de Montes Claros. Já começamos a fazer isso com os investimentos do ano passado”, disse. A Novo Nordisk já havia anunciado em setembro um aporte de R$ 500 milhões na unidade para expandir a produção das enzimas utilizadas na formulação dos chamados análogos de GLP-1. Outros R$ 864,2 milhões devem ampliar a produção de insulina.
O CEO da Novo Nordisk, Lars Fruegard, destacou durante o evento de ontem que a companhia nasceu, em 1923, com foco na produção de insulina. De acordo com Fruegard, a nova expansão fabril dá continuidade a uma história de investimentos no Brasil que começou na década de 1990. Novo Nordisk estima que a fábrica de Montes Claros seja responsável, atualmente, por cerca de 12% do consumo global de insulina.
De acordo com Isabella Wanderley, o aporte bilionário reflete a expectativa de que a demanda pelos produtos da Novo Nordisk à base de semaglutida continuem a crescer, embora a patente de exclusividade no Brasil se encerre em 2026. “Fizemos uma submissão para à Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) para inserir o Wegovy no tratamento de pacientes com obesidade e histórico de doenças cardiovasculares. A Novo foi pioneira em trazer a discussão sobre a obesidade enquanto doença crônica e trazer soluções”, afirma a executiva.