À medida que a guerra na Ucrânia se arrasta e a ameaça russa continua a pairar sobre a Europa, aumentam os apelos para que os cidadãos, incluindo os mais jovens, estejam melhor preparados para enfrentar cenários de crise. Esta segunda-feira, o deputado alemão Roderich Kiesewetter defendeu publicamente a introdução de treinos escolares para situações de catástrofe e emergência.
“É absolutamente necessário treinar cenários de emergência, uma vez que os estudantes são particularmente vulneráveis e especialmente afetados em tais situações”, afirmou Kiesewetter ao jornal económico alemão Handelsblatt. O parlamentar da União Democrata-Cristã (CDU), que é vice-presidente da comissão de supervisão dos serviços de informações do Bundestag, considera que deve ser incluída uma formação básica sobre como agir em situações de desastre.
O deputado sublinhou ainda que esta abordagem seria “sensata e com visão de futuro no que diz respeito a um possível serviço nacional”, acrescentando que já existem programas semelhantes na Finlândia, país conhecido pelo seu modelo de defesa civil robusto.
Apoio governamental e resposta da Comissão Europeia
As declarações de Roderich Kiesewetter surgem pouco depois de a Comissão Europeia ter apresentado uma nova estratégia de preparação civil para os cidadãos da União Europeia. A iniciativa surge como resposta à crescente instabilidade no continente, resultante da continuação da invasão russa à Ucrânia, que entrou no seu terceiro ano.
O Ministério do Interior alemão também se mostrou favorável ao reforço da educação em proteção civil nas escolas, destacando a importância de sensibilizar os mais jovens para a preparação face a riscos. “Tendo em conta os recentes desenvolvimentos na situação de segurança, deve dar-se um maior destaque à proteção civil, incluindo no âmbito da educação escolar”, afirmou um porta-voz do ministério, igualmente ao Handelsblatt.
Apesar de o conteúdo educativo ser da responsabilidade dos estados federados (Länder), o Governo federal alemão manifestou disponibilidade para apoiar com materiais pedagógicos dirigidos aos jovens.
A CDU, partido de centro-direita de onde provém Kiesewetter, tem vindo a intensificar o discurso em torno da segurança nacional, numa altura em que se posiciona para regressar ao poder na Alemanha. O debate sobre o reforço da preparação da população civil, particularmente nas escolas, ganha assim contornos políticos numa Europa onde os receios de alastramento do conflito ucraniano são cada vez mais presentes.
A proposta de Kiesewetter insere-se num contexto mais amplo de renovação das políticas de defesa civil em vários países europeus, onde se discute não só a modernização das infraestruturas de emergência, como também a reintrodução ou adaptação de formas de serviço cívico obrigatório.
Com a ameaça russa a manter-se no horizonte estratégico europeu, cresce a convicção de que a preparação da sociedade para enfrentar potenciais crises — seja guerra, desastres naturais ou ciberataques — deve começar cedo, dentro das próprias salas de aula.