Em texto, o professor de História Vítor Soares discorre sobre o acidente nuclear de Chernobyl e argumenta sobre o uso da radioatividade em usinas
Em 26 de abril de 1986, a história da energia nuclear mudou para sempre. Na cidade de Pripyat, na então União Soviética, a Usina Nuclear de Chernobyl foi palco do pior acidente nuclear já registrado. O desastre ocorreu devido a um projeto falho do reator e a erros operacionais de uma equipe mal treinada.
Durante um teste de segurança, decisões equivocadas levaram à instabilidade do reator número 4. O aumento repentino de potência causou uma explosão de vapor que destruiu a estrutura do reator, seguida por incêndios que liberaram cerca de 5% do núcleo radioativo no ambiente. A radiação se espalhou por várias partes da Europa, causando impactos imediatos e de longo prazo.
O acidente
Na noite da explosão, dois trabalhadores da usina morreram. Nas semanas seguintes, mais 28 pessoas faleceram devido à síndrome aguda da radiação. Anos depois, cerca de 5.000 casos de câncer de tireoide foram associados ao desastre, com pelo menos 15 mortes confirmadas. Segundo o Comitê Científico da ONU sobre os Efeitos da Radiação, não há evidências de um grande impacto na saúde pública além desses casos.
O desastre forçou a evacuação de aproximadamente 350.000 pessoas, transformando Pripyat e outras áreas em cidades fantasmas. Mesmo décadas depois, a região continua marcada pela contaminação, e os esforços de reassentamento seguem em andamento.
Apesar de Chernobyl e do acidente de Fukushima em 2011, a segurança da energia nuclear evoluiu. A indústria adota padrões rigorosos para minimizar riscos. Em mais de 18.500 anos acumulados de operação de reatores comerciais em 36 países, apenas esses dois grandes incidentes ocorreram.
Na imagem que acompanha este texto, vemos a sala de controle da Usina de Chernobyl em 1986. Antes do desastre, representava o avanço tecnológico soviético, mas, após o acidente, tornou-se um dos cenários mais icônicos da tragédia nuclear.